São Paulo, sábado, 25 de novembro de 1995
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O amazonense esquecido à margem

JOÃO THOMÉ MESTRINHO

O projeto Sivam é de extrema importância para a Amazônia e pode vir a ser um marco no desenvolvimento da região. Isso é fato incontestável.
Entretanto entendo que um projeto de tal magnitude haveria de ter sido discutido de forma mais legítima, com a oitiva dos diversos segmentos da sociedade civil e militar, especialmente daquelas entidades amazônicas, por meio de seus órgãos representativos.
Veja-se, por exemplo, que órgãos de vital importância na região, como o Inpa (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia), cujos técnicos são os maiores especialistas sobre o potencial dos recursos naturais da Amazônia, não foram chamados à discussão.
De igual forma a opinião de geólogos, ambientalistas, agrônomos, biólogos, botânicos também não foram consideradas e nem sequer solicitadas como forma de democratizar e legitimar a consecução do megaprojeto.
Ainda é importante ressaltar que os políticos e parlamentares da região amazônica não foram convocados ao debate sobre a implantação do Sivam, o que, a meu ver, demonstra o descuido -talvez descaso- das autoridades responsáveis pela sua implantação, que optaram inclinar-se pelo modo da imposição, arremessando ao éter a opinião daqueles que serão de forma mais direta afetados com a implementação do projeto.
Posso afirmar com a mais absoluta convicção que essa nuvem de desconfiança que obscurece o projeto não teria vezo se o Sivam houvesse sido discutido democraticamente da forma que ora proponho.
Não se discute, pois, a prioridade e a relevância do projeto para a Amazônia e para o país, restando ao governo e ao Congresso, de forma profunda e detalhada, perquirir sobre os motivos que o levaram a tornar-se inflado, a fim de que se possa resgatar sua credibilidade junto à sociedade brasileira.

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