São Paulo, sábado, 25 de novembro de 1995
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Poluição postal

Cada vez mais os brasileiros convivem com um novo tipo de poluição: a poluição postal. Nos grandes centros urbanos, proliferam empresas especializadas em fornecer o endereço de pessoas -em geral com poder aquisitivo- para que promoters e publicitários lhes enviem toneladas de papel.
Para além de infernizar a vida do cidadão, que tem de fazer uma pré-seleção da sua correspondência -o útil e o inútil-, essa papelada é uma modalidade de invasão de intimidade ainda pouco estudada.
É bem verdade que ninguém é obrigado a ler o que recebe diariamente à porta de sua casa, assim como não é obrigado a ler o material publicitário das publicações que adquire ou assistir aos intervalos comerciais na TV, mas o nível de intromissão da mala-direta na vida das pessoas é mais concreto que o de outras formas de publicidade. É sempre bom dar uma olhada no material, pois, às vezes, o que parece apenas mais uma propaganda pode ser uma correspondência importante ou uma conta a pagar.
Trata-se sem dúvida de uma intromissão irritante. Mas, infelizmente, é o preço a pagar quando se vive num mundo cada vez mais competitivo, em que os bolsos de cada vez menos cidadãos são visados com cada vez mais voracidade pelo chamado mercado.

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