São Paulo, domingo, 26 de novembro de 1995
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ELA

OLIVERIO GIRONDO
DO NADA

libélula de medula
eruga lúbrica desnuda só nutrida de toques
chupochupo súcubo molusco
que gota a gota esgota boca a boca
a muito muito gozo
a tão total sufoco
a toda "slock" atrás de "shock"
a íntegra colapso
e uma formosa síncope com fosso
um "cross" de amor pantera ao plexo trópico
um "knock out" técnico venturoso
senão um composto terrestre de libido éden inferno
o sedimento aglutinante de um precipitado de
lábios
o obsessivo resíduo de uma solução insolúvel
ou um mecanismo radioanímico
termo bípede fervilhante
um "robot" fêmea eletroerótico com sua emissora
ainda que talvez seja miragem
um paradigma
um eromito
uma aparência da ausência
uma enteléquia inexistente
as tranças náiades de Ofélia
ou só um pedaço ultraporoso da realidade indubitável
uma despótica matéria
um paraíso feito carne
uma perdiz ao creme

Tradução de RÉGIS BONVICINO

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