São Paulo, quarta-feira, 29 de novembro de 1995
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FHC cita Maquiavel em discurso

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA; DA ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA

O presidente Fernando Henrique Cardoso e o ministro Sérgio Motta (Comunicações) elegeram ontem o escritor italiano Nicolau Maquiavel (1469-1527) como personagem da solenidade de divulgação da nova política de comunicações.
Mostrando bom humor, FHC citou a obra mais famosa do autor, "O Príncipe", escrita entre 1513 e 1516. "Maquiavel mostrava os caminhos com que o príncipe -que não é o caso- tinha de modificar as coisas e até dizia que era preciso fazer toda a maldade de uma só vez e o bem aos poucos."
Em seguida, completou, rindo: "Nós não fizemos maldade alguma, mas estamos tentando fazer o bem aos poucos." Segundo FHC, esta é a prova de que Maquiavel "muitas vezes" entendia a realidade "de uma forma superficial".
A citação a Maquiavel teve início quando Sérgio Motta quis mostrar que reformas defendidas pelo governo deverão iniciar uma nova etapa no país e, por isso mesmo, enfrentam muitas resistências.
"Nada mais difícil de manejar, mais perigoso de conduzir ou de mais incerto sucesso do que liderar a introdução de uma nova ordem de coisas", disse o ministro.
Investimentos
FHC desafiou ontem empresários do setor de telecomunicações a fazer investimentos e afirmou haver "complexo de inferioridade" no país, após assinar atos que vão permitir a participação do capital privado na área.
"Chega o momento que tem que dizer: eu decidi assim. Bom, eu decidi assim aqui no Brasil e o sistema de telecomunicações está com um caminho de abertura... Agora, espero que os senhores empresários possam me dizer: eu também decidi investir. Está aqui, presidente, pelo Brasil."
FHC negou que o país seja subdesenvolvido. Segundo ele, o fato de o Brasil ter uma renda per capita de US$ 4.000 não permite a comparação com nações que têm renda entre US$ 300 e US$ 600.
O presidente disse que o complexo de inferioridade cria agressividade. Ele afirmou que o país consolidará mudanças, "no momento em que o Brasil sentir com mais força o rumo e for mais capaz de dialogar com outros países, sem o complexo de inferioridade que faz todo mundo agressivo".

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