São Paulo, sexta-feira, 1 de dezembro de 1995 |
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Wal-Mart nega venda abaixo de custo
FÁTIMA FERNANDES
"Viemos ao Brasil para ganhar dinheiro e não para perder", afirmou, por telefone. Segundo ele, as vendas das duas lojas inauguradas há dez dias surpreenderam a diretoria mundial da empresa. Sobre o barulho dos empresários do comércio e da indústria no Brasil por causa da política de preços baixos da sua empresa, ele disse: "É que eles estão acostumados com grandes margens de lucro. A Wal-Mart se contenta com pequena margem e grande volume de vendas." A sua empresa consegue vender barato e ao mesmo tempo ganhar dinheiro, disse Bob Martin, porque "é eficiente e investe em tecnologia". Ele insistiu que a Wal-Mart -que deve faturar US$ 95 bilhões este ano- não pratica "underselling" (venda com preços abaixo de custo) e que tem bom relacionamento com fornecedores brasileiros. A Nestlé, disse, é um exemplo. Na última quarta-feira, o presidente da Nestlé, Roland Meyes, acusou a Wal-Mart de vender os produtos da marca com preços até 40% mais baixos do que os da sua tabela de preços. "O episódio com a Nestlé está superado. A Nestlé tem produtos que interessam muito para o consumidor." Exagero Abram Szajman, presidente da Federação do Comércio do Estado de São Paulo, disse que o presidente mundial da Wal-Mart exagerou ao afirmar que as margens de lucro do comércio brasileiro são altas. "O lucro líquido do comércio varia de 1,5% a 8% sobre o faturamento. Ele desconhece as condições dos lojistas no país. Os custos de uma loja são altíssimos e a carga fiscal chega a representar 31% do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro." Além disso, afirmou, as lojas brasileiras são deficientes de capital. "Não é o caso da Wal-Mart, que tem acionista forte e que para se tornar conhecida pode vender produto com preço abaixo do custo." Segundo Szajman, comenta-se que a Wal-Mart tem entre US$ 100 milhões e US$ 120 milhões para perder no Brasil. Seria a verba destinada para cortar preços e tornar-se conhecida. Firmino Rodrigues Alves, presidente em exercício da Apas (Associação Paulista dos Supermercados), diz que o lucro líquido dos supermercados gira em torno de 1,5% a 2% sobre o faturamento. "Se o presidente da Wal-Mart acha que é diferente precisa vir ao Brasil e ver o balanço das empresas. É um dos mais baixos. A afirmação dele foi bem infeliz." Texto Anterior: Inquérito vai até abril no Econômico Próximo Texto: Preços aumentaram desde inauguração Índice |
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