São Paulo, sexta-feira, 1 de dezembro de 1995
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Cartões só vão parcelar depois do Natal

VERA BUENO DE AZEVEDO
DA REPORTAGEM LOCAL

O parcelamento do pagamento de compras feitas com cartão de crédito, aprovado anteontem em reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN), não será implementado em dezembro por dificuldades de operacionalização do sistema.
Foi o que disse ontem Nilton Volpi, presidente da Abecs (Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços).
Assim, a medida não surtiria qualquer efeito para o comércio e os consumidores nas vendas de Natal e final de ano.
O CMN aprovou que cada compra com cartão pode ser paga em até quatro parcelas, sendo 50% no vencimento da primeira fatura e o restante em três prestações.
A medida não esclarece se as prestações teriam juros prefixados (já definidos no momento da compra) ou pós-fixados (definidos no pagamento da fatura). "Esta é uma das dúvidas que temos", afirmou Volpi.
"É um sistema diferente do financiamento utilizado pelos cartões e, para viabilizá-lo, as administradoras precisam de tempo, inclusive para mudar seus programas de computador", explica Volpi.
Segundo ele, as empresas estão preparadas para operacionalizar, a qualquer momento, o crédito rotativo. Ou seja, o consumidor deve pagar, a cada mês, um percentual mínimo da soma total de suas despesas na fatura, jogando o restante para os meses seguintes.
Volpi esteve ontem em Brasília, onde reuniu-se com técnicos do Banco Central, exatamente para propor que o parcelamento seja substituído pelo crédito rotativo.
"Nossa proposta é que o consumidor pague, no mínimo, 60% do total de despesas a cada fatura. Dessa forma, ao final do quarto pagamento, cada compra teria um saldo residual de apenas 4%, ou seja, estaria praticamente quitada, considerando-se juros de 10% ao mês", diz Volpi.
Assim, o efeito seria praticamente o mesmo do sistema aprovado pelo CMN e poderia ser implementado de imediato.
Segundo Volpi, estima-se que as transações com cartão de crédito, em dezembro, somem cerca de US$ 2,5 bilhões.
Com o crédito rotativo, esse valor poderia aumentar de 10% a 15%. "Estamos falando de um acréscimo de US$ 200 milhões a US$ 250 milhões", afirma.

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