São Paulo, segunda-feira, 4 de dezembro de 1995
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Embaixador é encontrado morto no Rio

DA SUCURSAL DO RIO; DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Erramos: 09/12/95
A demissão de diplomatas "a bem do serviço público" não é um fato inédito no Brasil, diferentemente do que informou a reportagem "Embaixador é encontrado morto no Rio", publicada à pág. 1-7 ( Brasil) de 4/12. Segundo o Itamaraty, houve várias demissões desse gênero.
Embaixador é encontrado morto no Rio
O embaixador Mauro da Fonseca Costa Couto, 62, morreu ontem à tarde ao cair do 5º andar do edifício onde morava no bairro da Lagoa (zona sul do Rio).
Sua mulher, Maria Lúcia Costa Couto, disse que ele se suicidou por não suportar acusações de ter cometido irregularidades com verba do Ministério das Relações Exteriores quando era embaixador do Brasil no Iraque (1989-91).
Couto, o ex-conselheiro René Loncan e o oficial de chancelaria Alcenir de Oliveira foram acusados de desviar mais de US$ 1 milhão. O Itamaraty descobriu que os diplomatas teriam trocado irregularmente dólares remetidos à representação em Bagdá para o pagamento de obras na sede da embaixada brasileira.
O último posto ocupado por Couto foi no Panamá. Em fevereiro deste ano, foi afastado pelo presidente Fernando Henrique Cardoso até que fossem concluídas as investigações.
Ontem, momentos depois da morte de Couto, ocorrida por volta das 15h, sua mulher disse que nenhum dos três inquéritos provou desvio de dinheiro.
Na quarta-feira passada, o Supremo Tribunal Federal derrubou o último recursos dos advogados dos diplomatas. O caso foi remetido à Presidência que se encarregaria de formalizar as demissões.
Na Justiça, a defesa admitiu que os dólares enviados pelo Itamaraty foram depositados em contas particulares. Alegou, no entanto, que o dinheiro só foi trocado no mercado paralelo para a obtenção de mais recursos para o custeio da obra.
A demissão "a bem do serviço público" é um fato inédito no Itamaraty. A morte de Couto não muda o rumo do processo. Segundo a Folha apurou, os afastamentos de Loncan e Oliveira serão decididos ainda nesta semana.
Maria Lúcia disse que Couto fazia o "caixa dois", mas não em benefício próprio. "O Itamaraty inteiro faz caixa dois há mais de 50 anos", afirmou.
Maria Lúcia afirmou que desde que começaram as acusações contra ele, Couto pensava em se matar e que teria feito várias vezes convites para que se matassem juntos.
O embaixador tinha três filhos, sendo dois funcionários do Itamaraty, e cinco netos.

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