São Paulo, segunda-feira, 4 de dezembro de 1995
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FHC diz a secretário dos EUA que Sivam é uma questão interna

GABRIELA WOLTHERS
EM SÃO PAULO

O presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou ao secretário do Tesouro (ministro da Fazenda) dos EUA, Robert Rubin, que o projeto Sivam (Sistema de Vigilância da Amazônia) "é uma questão interna brasileira".
FHC e o ministro da Fazenda, Pedro Malan, se reuniram anteontem com Rubin na casa do empresário Luiz Fernando Furlan, presidente do conselho de administração do grupo Sadia, em São Paulo.
A Raytheon, empresa responsável pelo projeto, é norte-americana. Segundo o porta-voz da Presidência, Sergio Amaral, o tema Sivam "não mereceu mais do que 15 segundos da conversa".
Assessores de Rubin confirmaram a informação do porta-voz. Segundo eles, FHC disse a questão é "doméstica" e que, uma vez apuradas as responsabilidades sobre a escuta telefônica na casa do embaixador Júlio César Gomes dos Santos, nada impede a continuação do projeto devido a sua importância para a Amazônia.
Os assessores do secretário disseram que a iniciativa de falar sobre o Sivam partiu de FHC. A informação foi confirmada por Amaral. "Foi o presidente quem fez a menção sobre o assunto e o secretário não fez comentários", declarou o porta-voz.
FHC voltou a repetir que é a favor da manutenção do projeto. Após a reunião, Rubin, FHC e Malan jantaram com dez empresários na residência de Furlan. Segundo os convidados, o presidente afirmou que, até o momento, ninguém conseguiu apresentar "para valer" uma irregularidade e que, por isso, não vê motivos para a suspensão do projeto.
O jantar oferecido a FHC e Rubin teve comidas típicas brasileiras -carne seca desfiada, couve mineira, pirão e farinha de mandioca. No final, foi oferecido chá de canela em cuias de coco seco.
Todos conversaram em inglês. FHC fez piada ao dizer ao secretário dos EUA que existem coincidências entre os dois países no que diz respeito ao relacionamento com o Congresso.
O presidente dos EUA, Bill Clinton, não está conseguindo que o Congresso aprove o Orçamento da União deste ano. Segundo Sergio Amaral, FHC ressaltou que "a negociação com o Congresso é parte da democracia".
No início do jantar, Malan fez exposição sobre a economia brasileira, afirmando que há perspectiva de crescimento em 96 de 4% a 5% do Produto Interno Bruto.
Os empresários aproveitaram a presença de Rubin para reclamar das restrições que existem nos EUA com relação à compra de aço e de suco de laranja.
Ontem, FHC foi, com Ruth, almoçar na casa do filósofo José Arthur Gianotti, em companhia de amigos, como o cineasta Arnaldo Jabor e a arquiteta Regina Meyer.

Colaborou a Reportagem Local

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