São Paulo, segunda-feira, 4 de dezembro de 1995 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Perigo na área A recente decisão judicial que proíbe a circulação da biografia de Garrincha, do jornalista Ruy Castro, baseada em alegações, feitas pelas filhas do jogador, de que o texto viola a imagem e a privacidade do biografado, pode criar um perigoso precedente de afronta ao preceito constitucional que garante o livre acesso à cultura e à informação. Há, de fato, nessa pendência, dificuldades conceituais para determinar os limites entre dois dispositivos da Carta aplicáveis ao caso: o que garante liberdade de expressão, independente de censura ou licença anteriores, e o que, por outro lado, garante a inviolabilidade da intimidade e da honra. O dano moral, porém, constitui matéria que até o momento não apresenta ainda uma jurisprudência definida, o que torna sua tipificação bastante controvertida. Além disso, o fato de Garrincha ser uma personalidade pública expõe sua trajetória individual, inevitavelmente, aos mais diversos tipos de apreciação. E a biografia feita por Castro, longe de ser uma suposta manipulação irresponsável de algumas precárias informações de domínio público, é antes fruto de aproximadamente 500 entrevistas e um cuidadoso levantamento de dados sobre o jogador colhidos na imprensa nos últimos 30 anos. Que se garanta pois a publicação da obra, e que os bons leitores do país, assim como o próprio autor, respondam, por meio do livre debate, pelo teor do que foi divulgado. Censura, porém, nunca mais. Texto Anterior: Punir pelo voto Próximo Texto: Distribuir, mas educar Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |