São Paulo, quinta-feira, 7 de dezembro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Reunião não discute Raytheon

SÔNIA MOSSRI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A reunião do conselho não registrou qualquer posição sobre a manutenção do contrato com a Raytheon. O ministro da Aeronáutica, Lélio Lôbo, limitou-se a esclarecer o processo de escolha da empresa, negando irregularidades.
O tom moderado de Lôbo foi uma vitória do ministro do Exército, Zenildo de Lucena, principal interlocutor de FHC na área militar. Ele foi encarregado pelo presidente de convencer o colega a não colocar a permanência da Raytheon como um questão de sobrevivência do Sivam ou como uma exigência consensual dois oito membros do Alto Comando.
Zenildo foi bem-sucedido. Permaneceu calado durante toda a reunião do conselho. Ele nem precisou sugerir a criação de um comissão especial do Executivo e Legislativo para examinar o contrato com a Raytheon.
Zenildo já tinha acertado previamente com o Palácio do Planalto que lançaria a idéia da comissão na reunião do conselho caso Lôbo insistisse na preservação do contrato com a Raytheon.
O detalhamento pelo ministro da Aeronáutica de todas as fases do Sivam acabou ganhando dois aliados de peso no Congresso: os presidentes do Senado, José Sarney (PMDB-AP), e da Câmara, Luís Eduardo Magalhães.
Luís Eduardo disse na reunião lamentar não saber antes as condições em que a Aeronáutica escolheu a Raytheon. Ele sugeriu a FHC que faça um esforço de comunicação para conquistar o apoio do Senado. A principal preocupação de Lôbo foi desmontar todos os argumentos apresentados pelo senador Gilberto Miranda (PMDB-AM) contra o Sivam e a escolha da Raytheon.
Sarney observou que, por toda a experiência adquirida como presidente da República (85-90), avalia que não há como o Brasil vacilar no projeto Sivam.
O ministro do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos, Gustavo Krause, classificou o projeto como essencial para a Amazônia.
O comportamento do ministro do Aeronáutica deixou FHC numa posição confortável para redigir a nota à imprensa. O próprio presidente tratou de descontrair o ambiente ao fim da reunião. Ele disse que não tinha o talento de escritor de Sarney, mas que arriscaria a escrever a nota.
A reunião foi aberta por FHC, que fez um breve histórico do projeto Sivam. Em seguida, o ministro da Justiça, Nelson Jobim, alertou para problemas legais provocados pelo Sivam. Ele lembrou que a não-utilização do financiamento pelo Eximbank norte-americano, entre outras entidades, implica pagamento de multas superiores a R$ 3 milhões pelo Banco do Brasil.

Texto Anterior: Sonda Galileo deve penetrar hoje na atmosfera do planeta Júpiter
Próximo Texto: SBPC vai dar parecer sobre o projeto técnico do Sivam
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.