São Paulo, quinta-feira, 7 de dezembro de 1995 |
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SBPC vai dar parecer sobre o projeto técnico do Sivam
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA A SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência) vai analisar o Sivam (Sistema de Vigilância da Amazônia). O anúncio foi feito ontem pelo físico Rogério Cézar de Cerqueira Leite, professor da Unicamp e membro do Conselho Editorial da Folha.Cerqueira Leite depôs na supercomissão do Senado que analisa o projeto. Ele criticou a decisão do governo de implantar o Sivam com tecnologia estrangeira. O físico afirmou que as instituições de pesquisa e os cientistas brasileiros são capazes de desenvolver o Sivam. "Acho completamente desnecessária a participação da Raytheon", disse, se referindo à empresa americana que irá fornecer os equipamentos do projeto. Cerqueira Leite alertou para o risco de a Raytheon ter acesso às informações registradas pelos radares. "Se a empresa montou os equipamentos, ela sabe decodificar as informações", afirmou. Para ele, a Amazônia não precisa de um sistema de ocupação militar permanente "porque é muito caro e não resolve os problemas da região". De acordo com ele, "o Sivam vai vigiar inimigos que na verdade não sabemos quem são". O físico disse que a verba de US$ 1,4 bilhão do projeto seria melhor aproveitada se fossem construídas escolas e aplicada em saneamento básico. Cerqueira Leite declarou que o projeto só inclui coleta de dados relacionados ao meio ambiente porque "está na moda". "Isso foi somente um pretexto", afirmou. Também em depoimento no Senado, o diretor do Departamento de Pesquisa do Ministério da Aeronáutica, Sérgio Xavier Ferolla, disse que o governo prepara projeto que será enviado ao Congresso sobre combate aéreo na Amazônia. Segundo ele, ao detectar aviões voando irregularmente na região, o procedimento ideal será acionar outro avião da Aeronáutica para abordar a aeronave suspeita, dar um tiro de aviso e, caso não haja resposta, abater o intruso. "O Peru já abateu 70 aviões dessa forma", disse Ferolla. O brigadeiro defendeu o Sivam, que poderia detectar os vôos suspeitos por intermédio de radares. Texto Anterior: Reunião não discute Raytheon Próximo Texto: Miranda propôs acordo que favorecia Raytheon Índice |
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