São Paulo, quinta-feira, 7 de dezembro de 1995
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Físico crítica uso de tecnologia estrangeira

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O físico Rogério Cézar de Cerqueira Leite, professor da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e membro do Conselho Editorial da Folha, criticou ontem a decisão do governo brasileiro de implantar o Sivam (Sistema de Vigilância da Amazônia) com tecnologia estrangeira.
Para Leite, o Brasil nunca vai dominar a tecnologia usada para monitorar a região amazônica se não desenvolvê-la aqui.
"Não sou contra buscar tecnologia fora. Mas quando a gente compra um pacote desse, a gente não tem acesso à tecnologia e sim aos equipamentos", disse.
O físico alertou para o risco de a empresa estrangeira que instalar o Sivam -no caso, a norte-americana Raytheon- ter acesso às informações registradas pelos radares.
"Se a empresa montou os equipamentos, ela sabe decodificar as informações", afirmou.
Em carta de abril deste ano ao presidente Fernando Henrique Cardoso, o brigadeiro Ivan Frota, alertava para o risco de os Estados Unidos terem acesso às informações do Sivam.
Segundo o brigadeiro, seria preferível utilizar tecnologia nacional na implantação do sistema, ainda que os resultados não fossem os mesmos.
Preço
O físico da Unicamp também afirmou que a Amazônia não precisa de um sistema de ocupação militar permanente.
Para Cerqueira Leite, isso seriam "muito caro" e não resolveria "os problemas da região".
O físico defendeu que a verba de US$ 1,4 bilhão seria melhor aproveitada se fosse utilizada na construção de escolas e em saneamento básico.
Após o depoimento de Cerqueira Leite, seria ouvido o diretor do Departamento de Pesquisa do Ministério da Aeronáutica, brigadeiro Sérgio Xavier Ferolla.

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