São Paulo, quinta-feira, 7 de dezembro de 1995 |
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Poemas de Gilberto Freyre saem em CD
VANDECK SANTIAGO
O CD chama-se "Gilberto Freyre em Prosa e Verso" e tem uma produção de 5.000 cópias. Nele estão duas raridades bibliográficas da obra de Freyre: o poema "Bahia de Todos os Santos e de Quase Todos os Pecados", de 1926, e "Civilização do homem sentado", um texto em prosa poética originariamente publicado em Portugal, em 1967. Freyre, o sociólogo, é autor de "Casa-Grande e Senzala", de 1933, um clássico sobre a história da formação da sociedade brasileira. Em vida, ele foi o brasileiro que mais recebeu homenagens de universidades européias e americanas. Mas Freyre, o poeta, é conhecido de poucos. O CD resgata essa característica. Mais do que na palavra impressa, na palavra recitada vê-se que Freyre fazia poesia mesmo quando escrevia prosa. É o caso de "Civilização do homem sentado", publicado no livro "Sociologia da Medicina", de 1967. Nesse texto, o sociólogo analisa a sociedade sob o aspecto singular do viver sentado. "É um dos textos mais deliciosos de Freyre e talvez o menos conhecido", disse o professor universitário Edson Nery da Fonseca, especialista em sua obra. Foi ele o responsável pela escolha dos textos do CD. "Eu escolhi os mais ricos literariamente e mais representativos do estilo de Freyre", disse Fonseca. Constam do CD dez produções de Freyre e dois poemas de outros autores: um de Manuel Bandeira ("Casa-Grande e Senzala") e o outro de Carlos Drummond de Andrade ("Velhos Retratos"), ambos elogiando Freyre. É o próprio Freyre quem recita nove das dez produções. Os atores Geninha da Rosa Borges e Reinaldo de Oliveira recitam os poemas de Bandeira e Drummmond. As gravações foram feitas em 1980 e à época lançadas em vinil. São essas mesmas gravações que fazem parte do CD. A Fundaj (Fundação Joaquim Nabuco), de Recife, produziu o disco e o CD. Na coletânea há trechos de "Casa-Grande e Senzala", enfocando o português, a mulher índia e o negro. "Todo brasileiro, mesmo alvo de cabelo louro, traz na alma, quando não na alma e no corpo, a sombra, ou pelo menos a pinta, do indígena ou do negro", narra Freyre. Também não faltam referências a mulatas, "do peito em bico, como para dar de mamar a todos os meninos do Brasil". A produção de "Gilberto Freyre em prosa e verso" tem três falhas: não o acompanha um encarte com o texto impresso da coletânea, os poemas de Bandeira e Drummond estão no CD sem a informação de que são eles os autores e não se informa qual o seu tempo total de duração (são 33m10s). Disco: Gilberto Freyre em Prosa e Verso Onde encomendar: Editora Massangana (r. Dois Irmãos, 15, Apipucos, Recife) Quanto: R$ 10 Texto Anterior: Sarita Vitti não é drag Próximo Texto: Bomba! Terra Estrangeira enterra a Zélia! Índice |
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