São Paulo, sábado, 9 de dezembro de 1995
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Divergências são democráticas, diz ministro

JOSÉ HENRIQUE MARIANTE
DA REPORTAGEM LOCAL

O ministro das Comunicações, Sérgio Motta, afirmou ontem, em São Paulo, que divergências fazem parte do processo de um governo democrático.
Na cidade para assinar convênio do ministério com a campanha "Morumbi Século 21", que arrecada recursos para a modernização do estádio do São Paulo Futebol Clube, Motta amenizou as discordâncias na área econômica.
"O que existe no governo é uma contradição dialética necessária à criatividade", disse.
Logo depois, usou sua pasta como exemplo. "Na minha área, de infra-estrutura, eu tenho divergências. Eu brigo, eu luto pelos meus projetos. E a área econômica também tem divergências."
Mais tarde, ele próprio era o exemplo. "Eu acho que a política de juros é extorsiva. Não é o pensamento de alguns. Mas isso faz parte do processo de um governo democrático", completou.
Motta comentava as declarações do senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA), segundo as quais a discussão em torno da pasta rosa se traduziria em uma disputa entre os ministros Pedro Malan (Fazenda) e José Serra (Planejamento).
"Esse é um governo transparente, que tratará qualquer desvio moral ou ético com rigor. Afastará, se for necessário, envolvidos, como já o fez. Nada disso nos assusta, nem ao presidente nem aos ministros."
Citando os casos Sivam e da pasta rosa, o ministro afirmou que o "Brasil conviveu com a ditadura mais de 20 anos e desacostumou de tratar episódios desse tipo transparentemente".
Em seu discurso, Motta justificou o patrocínio oficial à campanha do Morumbi, atrelando-a ao que chamou de "onda de modernidade" iniciada com o governo Fernando Henrique.
"Vivemos sob a gestão mais progressista dos últimos 50 anos. E este projeto se coaduna com a nova realidade do país", disse.
Ainda no discurso, afirmou que, "seja a pasta rosa, azul ou verde, ela deve ser aberta, e os culpados, se houver, punidos".

LEIA MAIS
sobre a solenidade do Morumbi à pág. 4-3 e sobre a pasta rosa à pág. 1-4

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