São Paulo, segunda-feira, 11 de dezembro de 1995
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BC e Covas discutem dívida do Banespa

SILVANA QUAGLIO

SILVANA QUAGLIO; GEORGE ALONSO
DA REPORTAGEM LOCAL

O economista Adroaldo Moura da Silva, um dos negociadores do acordo que devolverá o Banespa à administração do governo paulista, tem encontro marcado para hoje com o Escritório Técnico de Atuária.
O Banco Central convenceu Adroaldo -que deverá ser o futuro presidente do Banespa- a se encontrar com os especialistas para entender como foram feitas as projeções de dívida e de pagamentos do passivo previdenciário do Banespa, que o governo paulista vai assumir.
O valor do passivo, pelos cálculos do BC, chega a R$ 2,5 bilhões, mas é questionado pelo governo do Estado. Mas não é só isso que dificulta o entendimento.
A Folha apurou que o governo do Estado também não concorda com a formulação proposta pelo BC para a administração compartilhada do Banespa.
O banco passará a ser administrado por representantes do governo do Estado, do Ministério da Fazenda e do BC. O governo paulista quer maior peso na direção da instituição, que está sob intervenção desde 30 de dezembro de 94.
O problema é que os R$ 2,5 bilhões estão sendo negociados como parte do pagamento que o governo paulista fará ao banco para retomar sua administração.
Os cálculos apresentados aos negociadores do governo foram feitos pelos atuários que Adroaldo visita hoje.
Entre os representantes do governador Mário Covas (PSDB) na negociação do Banespa, o mais reticente em aceitar os números do BC é o secretário Yoshiaki Nakano, da Fazenda.
Pelos cálculos de Nakano, o passivo seria de R$ 4 bilhões. Para chegar a esse número, o secretário usa uma taxa de capitalização de 6% ao ano. Para os técnicos do BC, a taxa é de 12%.
Aumentando o valor do passivo previdenciário, como quer Nakano, o governo paulista reduziria para cerca de R$ 10 bilhões a dívida do Estado junto ao banco.
Técnicos do BC esperam que, conversando com os atuários, Adroaldo perceberá que os cálculos não prejudicam o Estado nem deterioram a situação do Banespa.
Pelas contas do BC, o Estado de São Paulo gastará uma média de R$ 25 milhões por mês para pagar o passivo previdenciário. Os desembolsos maiores (cerca de R$ 28 milhões por mês) ocorreriam no ano de 2005.
O passivo previdenciário se refere à complementação da aposentadoria de funcionários antigos do Banespa -9.000 já aposentados e 6.000 que irão se aposentar.
Esses funcionários entraram no Banespa antes da criação do fundo de pensão, que, funcionando em regime de capitalização das contribuições de funcionários e do banco, responde pela complementação do valor da aposentadoria paga pelo INSS (Instituto Nacional do Seguro Social).

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