São Paulo, segunda-feira, 11 de dezembro de 1995
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China amplia rede de bancos estrangeiros

JAIME SPITZCOVSKY
DE PEQUIM

A China, embalada por suas reformas capitalistas, amplia seu sistema financeiro ao permitir, neste mês, a instalação de agências de bancos estrangeiros em mais uma cidade.
Agora já atuam em solo chinês 130 bancos de 14 países, espalhados por 24 cidades chinesas.
O banco central chinês também está concluindo estudos sobre como permitir aos bancos estrangeiros que operem com yuans, a moeda local.
Atualmente, eles só podem trabalhar com moedas estrangeiras e contam com as joint ventures (empresas mistas) como principais clientes.
A China abriu suas fronteiras aos escritórios de representação de bancos estrangeiros em 1979, um ano depois de o dirigente comunista Deng Xiaoping anunciar a adoção de mecanismos capitalistas para salvar a economia chinesa do colapso.
Entre 1979 e 1993, a economia cresceu a uma média anual de 9,3%. Em 1994, a taxa alcançou 11,8%. A China se tornou dona da economia que cresce mais rapidamente no planeta.
A estratégia de Deng Xiaoping previa a criação de bolsões de capitalismo, que expandiriam depois seu dinamismo econômico a outras áreas do país.
O governo chinês privilegiou as cidades litorâneas e do sul do país, como Xangai. Elas foram as primeiras a ter agências de bancos estrangeiros.
No começo deste mês, Kunming, capital da província de Ayunnan (sul do país), recebeu sinal verde para abertura de agências de bancos estrangeiros.
Antes, havia apenas escritórios de representação de bancos, que exerciam principalmente os papéis de analistas de dados, intermediação de negócios e assessoria a clientes.
Em julho, foi a vez de Pequim autorizar a abertura de agências. O Banco de Tóquio desbravou o mercado e, em outubro, o Citibank se tornou o primeiro banco norte-americano a ter uma agência na capital chinesa.
O Citibank abriu seu escritório de representação em Pequim em 1984. Ele conta, ainda, com agências em Xangai e Shenzhen (sul), além de escritórios em Cantão e Xiamen (sul). Dos 130 bancos representados na China, 111 contam com agências.
Na inauguração da agência em Pequim, o presidente do Citibank, John Reed, disse esperar que os bancos estrangeiros possam trabalhar com depósitos em yuans nos próximos cinco anos.
O banco central chinês não acena com datas e diz apenas que estuda a adoção de uma fase experimental.
"A relutância se explica porque a economia e o sistema bancário ainda não se modernizaram completamente", declarou Reed.
"Eu acho que as autoridades querem ver um sistema bancário mais capacitado para trabalhar numa economia de mercado antes de permitir a competição estrangeira", acrescentou.
O Citibank tem planos de expansão para sua agência em Pequim no ano que vem. Vai dobrar o número de funcionários para 70 e se transferir para instalações maiores.
Em 1993, o Citibank deslocou sua sede para a China de Hong Kong, colônia britânica encravada no sul do território chinês, para Xangai.
Essa cidade, a maior da China, se esforça para recuperar o glamour de principal centro financeiro do extremo oriente, que carregava até os comunistas chegarem ao poder em 1949.
Atualmente, Xangai abriga mais de cem instituições financeiras estrangeiras, entre escritórios e agências bancárias.
A cifra total deve saltar para entre 200 e 250 nos próximos anos, avalia Hua Jianmin, vice-prefeito xangaiense.
Menos ambiciosa, a cidade de Kunming espera agora se tornar um pólo financeiro regional no Sudeste Asiático.
Sua abertura a agências bancárias interessa sobretudo a bancos tailandeses, pois a Tailândia figura entre os principais investidores na Província de Yunnan.
Entre os bancos estrangeiros com representação em Pequim está o Banco do Brasil. Seu escritório foi aberto em 1981.

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