São Paulo, segunda-feira, 11 de dezembro de 1995
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A compra do Econômico

LUÍS NASSIF

A proposta do banco Excel de compra do Econômico foi fechada na madrugada de sexta-feira passada, em uma reunião que se estendeu até o dia clarear.
Antes do meio-dia, o diretor Gilberto Nobre e o presidente Ezequiel Nasser já estavam em Brasília apresentando a proposta ao comitê do Proer. No final de semana, a proposta foi analisada. Na terça-feira, o comitê volta a se sentar com o banco, para aprofundar as discussões.
A proposta contempla as seguintes alternativas:
1) Aporte de US$ 100 milhões, a ser bancado por um sócio estrangeiro -cujo nome o banco não abre. Esse valor pode subir, mas depende ainda de reunião do conselho da instituição, que impõe alguns limites de participação percentual em outros bancos.
2) Incorporação do patrimônio líquido do Excel ao Econômico -significando mais US$ 200 milhões.
3) Negociação com acionistas minoritários e grandes investidores para transformação dos passivos em ações -obviamente, com deságio. Há sondagens junto a investidores internacionais, que têm buscado recuperar seus ativos.
Pela proposta apresentada, na semana que vem o Excel já sentará com fundos de pensão para negociar.
Até agora, as avaliações indicam um rombo patrimonial da ordem de US$ 3 bilhões. A proposta do Excel contempla algumas hipóteses de tratar o passivo.
Uma delas é o toma-lá-dá-cá de selecionar ativos bons correspondentes aos passivos assumidos. Outra é de deixar tudo com o Banco Central. Uma terceira é de o BC zerar o rombo e o Excel se comprometer a tentar recuperar parte dos ativos.
Nacional
A fiscalização do Banco Central detectou problemas de crédito no Banco Nacional que vinham desde o Plano Cruzado, tendo sido agravados com o Plano Collor.
O fato de, nesse período todo, nenhuma fiscalização do BC ter identificado esses problemas é atribuído por Gustavo Loyola, presidente do banco, a uma visão historicamente muito formalista.
"A fiscalização vai conferir se as 50 assinaturas foram feitas no lugar correto, se o nome do avô consta do contrato, e esquece coisas relevantes", admite Loyola.
O BC está empenhado na mudança dessa mentalidade. Está havendo um aprofundamento do intercâmbio com outros países e, principalmente, uma reformatação da fiscalização do BC, para voltar-se mais para a parte patrimonial das instituições.
No momento, Loyola empenha-se em consultar especialistas para saber de que maneira punir a firma de auditoria que manipulou os balanços do Nacional durante todo esse período. Já identificou pelo menos um precedente: o episódio da Panair, em que a empresa de auditoria que ocultou os problemas da companhia aérea sofreu sanções e processos.
BB
A profissionalização do banco do Brasil exige que a instituição não seja utilizada como "caixa dois" do governo.
Debitar em sua conta os custos dos financiamentos atrasados junto ao Eximbank é conflitar com a postura profissional que se cobra há anos do banco.

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