São Paulo, segunda-feira, 11 de dezembro de 1995
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O Botafogo merece

JUCA KFOURI

O Maracanã estava lindo. Preto e branco em cima, quase tudo azul em baixo. Quase. No primeiro tempo, pelo menos, o Cruzeiro teve mais iniciativa como precisava e mostrou maturidade.
As chances mais claras de gol, porém, foram do Botafogo. Uma com Donizete, passe de Túlio, e outra com Túlio, passe de Donizete. Na trave.
Enquanto isso, 400 quilômetros depois, o Pacaembu também estava todo vestido de preto e branco. Respirava esperança enquanto esperava o jogo começar. Mas o placar era implacavelmente tricolor.
O segundo tempo começou no Rio de Janeiro com a expulsão para lá de rigorosa de Paulo Roberto. Afinal, no primeiro tempo, Leandro, que também tinha cartão amarelo, fez falta semelhante e não recebeu o vermelho.
Enfim, sempre é melhor pecar por rigor que por complacência, mas é preciso coerência. Tudo, por sinal, rima com violência.
Então, é claro, o jogo mudou. Azul como o Grêmio, o time mineiro viu o vermelho do Ajax no alvinegro carioca.
E os dois treinadores ousaram. Jair Pereira porque não tinha remédio. Já tinha perdido o bom Belletti e sacou o artilheiro Marcelo e o meio campista Alberto para explorar a saúde de Dinei e Serginho.
Ousou ao refazer a defesa num jogo que precisava vencer e ao reforçar o ataque, abrindo seu meio-campo.
Paulo Autuori resolveu pela entrada do rapidíssimo Iranildo no lugar do lateral André Silva, para melhor explorar a vantagem de um homem.
Ousou atacar quando o empate valia tudo.
Arrumado atrás, o Cruzeiro se preparou para aguentar a pressão botafoguense e para tentar surpreender no contra-ataque.
Aí, Dida apareceu. Fez pelo menos um milagre ao defender gol certo de Donizete.
Dinei respondeu mandando na trave, e Autuori, que não nasceu ontem, tratou de fazer Moisés entrar no lugar de Beto, para segurar o ímpeto mineiro, principalmente porque foi obrigado a pôr Groto no lugar do ótimo Gonçalves, machucado.
Donizete mandou outra vez na trave e o trepidante 0 a 0 acabou classificando o time de melhor campanha.
Foi justo para o Botafogo e honroso para o Cruzeiro.

A coluna de sábado trocou o Grêmio, que foi quem tomou 4 a 1 do Santos, pelo Cruzeiro. Não satisfeita, no domingo, não misturou vinagre com água, em vez de azeite. Que salada!

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