São Paulo, segunda-feira, 11 de dezembro de 1995
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Brasileiros seguem para Andulo

RICARDO BONALUME NETO
ENVIADO ESPECIAL A CUITO

Deve partir hoje o primeiro comboio das tropas brasileiras para Andulo, onde parte da 1ª companhia do batalhão de infantaria ficou "confinada" por guerrilheiros da Unita por quase uma semana.
Hoje há exatos 83 brasileiros na base em Andulo. A reportagem da Folha deve seguir com o comboio de três veículos levando equipamento para a companhia.
A Unita permitiu a passagem desde o fim-de-semana. O comandante do batalhão brasileiro, tenente-coronel Joaquim Carlos Baptista Serrazes, declarou ontem, em entrevista em seu posto de comando em Cuito, que as relações com a Unita voltaram ao normal.
A viagem a Andulo leva dois dias, devido a uma ponte destruída naquele que seria o melhor caminho. O comboio pernoita em Vilanova ou Salvaterra.
O confinamento da tropa foi comunicado ao coronel Serrazes às 2h da madrugada de domingo para segunda-feira passados.
O capitão no comando da 1ª companhia, Valdicler Almeida Pinto, fora informado pela Unita que sua movimentação estava limitada à cidade em protesto por um ataque das forças do governo angolano a guerrilheiros da Província do Zaire.
Segundo Serrazes, os comandantes locais da Unita não fizeram reclamações sobre uma tentativa de assédio sexual, ou sobre supostos insultos a seu líder, Jonas Savimbi, que teria sido chamado de Judas em um culto evangélico.
Foram dois oficiais evangélicos da Unita, um general e um major, que convidaram cinco brasileiros para o culto. O pastor local pediu a um brasileiro que lesse um texto previamente escolhido.
O brasileiro leu, e foi gravado em vídeo. Quando o comboio voltar, a fita deverá ser levada ao coronel. O capitão já viu a fita e não notou nada ofensivo à Unita.
O comando do batalhão está esperando que as Nações Unidas consigam aviões para transportar seu equipamento a Luena, onde deve ficar o posto de comando.
Ironicamente, o fato de o batalhão estar bem equipado, faz com que exista muito material para ser transportado. "O batalhão veio muito bem equipado", diz Serrazes, que pretende levar apenas o essencial a Luena.
A estrada de Cuito à Luena está intransitável por vários motivos: trechos minados, pontes destruídas e mesmo locais onde a mata cobriu a estrada.

O jornalista RICARDO BONALUME NETO viajou a Cuito por cortesia da empresa Odebrecht.

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