São Paulo, terça-feira, 12 de dezembro de 1995 |
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Pacificar A palavra pagar vem do latim "paco" e significa exatamente "pacificar". Já os romanos tinham conhecimento do risco de não honrar os compromissos assumidos. Anos e anos de hiperinflação levaram sucessivos governos de todas as esferas à prática do que se resolveu eufemisticamente chamar de "contingenciamento". É uma forma de calote. O poder público não pagava suas contas em dia. E, quando pagava, fazia-o pelo valor de face, ou seja, desconsiderando a correção da inflação. O fornecedor, já prevendo dificuldades na hora de receber, passou a agregar ao preço final de seu produto uma espécie de exorbitante seguro contra os atrasos, ou seja, o superfaturamento. A prática continua. De qualquer forma, muita propina ainda é distribuída na tentativa de fazer com que pagamentos devidos sejam liberados. Não cabe aqui perguntar quem surgiu antes, se foi o superfaturamento ou o contingenciamento, nem procurar usar um para justificar o outro. Ambas as práticas são absolutamente imorais e resultam em pesados prejuízos para a sociedade como um todo. É obviamente um imperativo do bom administrador procurar gastar o mínimo possível e obter o máximo de eficiência. Deve ainda procurar combater toda a forma de corrupção de que tenha conhecimento. Deve também, como qualquer outro cidadão, honrar seus compromissos em dia. Assim, pelo menos um dos pretextos que se brandem para tentar justificar o injustificável cairia por terra. Texto Anterior: Homeopatia fiscal Próximo Texto: Tucano + poder = pavão Índice |
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