São Paulo, domingo, 17 de dezembro de 1995 |
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Presente não está à altura
DIDI
Nos nossos dois gols, a defesa do Santos bobeou. Vi um Santos tenso, sem se soltar. No meu tempo não era assim. O perigo é o Santos se soltar mais em São Paulo e tornar as coisas difíceis para o Botafogo. Lá, nós não podemos ficar atrás. Temos que ir para a frente, em busca do gol. Esse negócio de só precisar do empate é brabo. Pode ser uma armadilha. O Botafogo tem até como ganhar. O Santos é jovem, pode se perder a qualquer momento e não se acertar. O Botafogo precisa cuidar do Giovanni, que é perigoso e sabe meter bola. O jogo de quarta-feira não esteve à altura dos que fazíamos nos anos 50 e 60. Vi um Botafogo querendo ganhar, lutando todo o tempo. Mas o Santos jogou contraído. Não foi o time que eu esperava, solto, tocando a bola, alegre e aberto. Estava muito tenso, querendo administrar a vantagem do empate. É perigoso. Goleadas como a do Santos sobre o Fluminense, no domingo passado, por 5 a 2, só acontecem a cada 50 anos, pelo menos da maneira como ocorreu no Pacaembu. É um negócio meio brabo. O Botafogo é um time de respeito. Vai fazer um jogo difícil em São Paulo como o Santos fazia antigamente no Rio e nós na Vila Belmiro. Eu me lembro de um jogo que foi muito duro entre nós, num torneio na Espanha. O presidente do Botafogo oferecia cem contos para cada jogador se nós voltássemos da excursão à Europa mantendo a invencibilidade. O Santos saiu na frente e fez 1 a 0. Nós suamos muito e conseguimos empatar em 1 a 1 e garantir o dinheiro. Se a memória não falha, o nosso gol foi feito pelo Garrincha. O Santos era um time muito técnico na minha época. Era difícil ganhar por 1 a 0, placar pequeno. Era goleada. Nós também. Íamos para a frente, não nos preocupávamos demais com a defesa. Levávamos dois gols, mas metíamos mais, não tinha problema, estava em casa. Agora vejo uma defesa boa, que leva pouquíssimos gols. O meio-campo é razoável. No ataque, o Donizete se movimenta muito e o Túlio é brilhante naquele espaço. Parece que nasceu para isso. O time vai ter que administrar bem a tensão no Pacaembu, não vai ser fácil. Vou ver pela televisão. Presto muita atenção para poder analisar. Sei medir bem as coisas, mas torço muito. Afinal, é o meu Botafogo que pode ser campeão. Texto Anterior: Zagallo acredita que 'estrela' define decisão Próximo Texto: Arauto da modernidade, Autuori busca seu 1º título Índice |
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