São Paulo, segunda-feira, 18 de dezembro de 1995
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Valores de mensalidades escolares geram debate

DANIELA FERNANDES
ESPECIAL PARA A FOLHA

Os valores cobrados pelos estabelecimentos de ensino privado são, há vários anos, motivo de discussão entre pais de alunos e escolas. Agora, com a inflação estável, a situação tende a se agravar. As anuidades deverão ficar, em média, 30% a 40% mais caras em 96.
"É nesse ponto que surgem divergências. A lei permitiu que cada escola defina seus percentuais de aumento", afirma Maria Stela Gregori, 37, assistente técnica do Procon (Coordenadoria de Proteção e Defesa do Consumidor). Com medo de represálias por parte das escolas, pais e alunos preferiram não se identificar à reportagem da Folha.
A comissão de pais de alunos do Externato Nossa Senhora do Morumbi afirma que em 95 houve um aumento de 66% em relação a 94 devido a um duplo repasse do IPC-r. "Para 96 o reajuste foi de 39,2% sobre valores que já haviam sido aumentados abusivamente", diz um membro da comissão, que foi informado na última quinta-feira pela escola que os preços não serão reduzidos.
Maria do Carmo Peixoto da Silva, 51, diretora do Nossa Senhora do Morumbi, diz que a anuidade de 96 foi calculada com base no projeto pedagógico da escola. Ela diz ainda que os repasses do IPC-r foram feitos de acordo com a lei. O estudante E.R., 25, da Faculdade de Engenharia São Paulo (Fesp) diz que as mensalidades de seu curso estarão 49% mais caras em 96. "Nada justifica o aumento".
A Fesp está estudando a possibilidade de diminuir o valor das mensalidades, afirma Nildo de Moura, 44, da administração da faculdade. Segundo ele, a Fesp terá uma posição nesta semana.
O.C., 45, tem filhos no Colégio Bandeirantes e afirma que a escola aumentou abusivamente os preços em 95, cobrando a inflação de março a dezembro de 94 e antecipando a inflação de 95. O aumento foi, segundo ele, de 62,6% em relação ao ano anterior. Ele diz ainda que os cálculos para conversão da mensalidade em Cruzeiros Reais para URVs, em março de 94, não foram corretos, resultando em uma diferença de 90 URVs.
O diretor do Colégio Bandeirantes, Mauro de Salles Aguiar, 45, diz que o aumento em 95 foi de 54%. "Os preços estavam desalinhados devido a cinco congelamentos seguidos".
Aguiar diz que o colégio investiu R$ 1 milhão em equipamentos de informática em 95. No próximo ano o aumento da anuidade será de 25%. Segundo ele, as contas do colégio são auditadas pela empresa Coopers & Lybrand.

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