São Paulo, segunda-feira, 18 de dezembro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Rio vai trocar seringas de viciados

SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

O Ministério da Saúde planeja iniciar em fevereiro a distribuição de seringas e agulhas para viciados em drogas injetáveis no Rio.
Seringas e agulhas comporão kits que serão entregues a viciados no campo de Santana e no bairro da Lapa, locais do centro onde se concentram consumidores de drogas, principalmente cocaína.
O plano, encomendado pelo PN-DST-Aids (Plano Nacional-Doenças Sexualmente Transmissíveis-Aids) do ministério ao Nepad (Núcleo de Estudos e Pesquisas em Atenção em Uso de Drogas) da UERJ (Universidade do Estado do Rio), segue esta semana para a apreciação das autoridades da Saúde em Brasília.
Pesquisa do Nepad indica que 10 mil dos 3,5 milhões de alunos de 11 a 18 anos do Rio podem estar aplicando drogas nas veias.
O plano prevê a troca de seringas usadas por novas. Para cada seringa usada entregue, o viciado ganhará uma nova. A psiquiatra Thereza de Aquino, diretora do Nepad, disse que a distribuição não vai estimular o uso de drogas.
"Na Califórnia (EUA), onde há programa semelhante, o consumo diminuiu. Não é máquina que vai dar a seringa. Haverá o contato terapêutico, a conversa", disse a diretora do órgão, criado em 1986 pela UERJ. O Nepad desenvolve pesquisas financiadas pela ONU e Comunidade Econômica Européia.
"Sei que vamos receber críticas de todos os lados. Não temos nada a favor da cocaína. Mas já que tem gente que usa, que o faça com segurança, a fim de evitar a propagação da Aids", afirmou Thereza.
Ex-consumidores de drogas trabalharão na entrega dos kits, em Kombi do ministério. Os roteiros e horários de distribuição serão combinados com os viciados.
O kit terá três seringas, três agulhas, preservativos feminino e masculino, absorventes higiênicos e curativos. Um frasco de água sanitária -para desinfectar o material- deverá acompanhar o kit.
As seringas e agulhas serão descartáveis. O material recolhido passará por exame laboratorial, com o objetivo de verificar as condições do sangue do viciado.
O plano tem a duração inicial de dois anos, a um custo de R$ 100 mil. A Kombi deve visitar ainda pontos de consumo de drogas nas zonas sul e norte. Do plano constam outras formas de prevenção à Aids, como distribuição de preservativos e folhetos explicativos e tratamento clínico e psiquiátrico.

Texto Anterior: Fleury depõe sobre Carandiru amanhã; Entrega de vistos dos EUA pode parar em SP; Prefeitura terá que mostrar informações; Sindicância contra delegado é arquivada; Cantora doa amanhã sangue para campanha
Próximo Texto: EUA ajudam usuário carioca
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.