São Paulo, segunda-feira, 18 de dezembro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

A estrela solitária deu a mão ao peixe

Ambos foram os melhores de 95
MARCELO FROMER
e NANDO REIS

MARCELO FROMER; NANDO REIS
ESPECIAL PARA A FOLHA

Entregamos este artigo na sexta-feira e, por isso mesmo, o jogo do fim-de-semana não serve como objeto e argumento para nossas considerações. Na sexta-feira, ainda é futuro o que na segunda já será passado. Ao mesmo tempo em que nos vemos alijados do recheado fim-de-semana, há o aspecto instigante que reside no fato de não tratarmos diretamente com a notícia quente, como se diz no jargão jornalístico.
É assim? É às vezes até mais.
Além de exercitarmos nossos dotes de supostos haríolos, ficamos nas arquibancadas torcendo pela vitalidade de nossos artigos renascidos em plena segunda-feira. Desta vez, não sabemos quem levará o título deste campeonato, mas os fatos, o tempo e a história já o sabem.
Campeonato que, apesar da baderna, teve um nível técnico de médio para bom e trouxe à luz da glória a mais grata revelação dos últimos anos: o espetacular Giovanni!
Quanto ao clube cuja camisa hoje amanheceu bordada com a mais nova estrela da constelação, sabemos que é legítimo campeão. Aliás, ambos. Foram os melhores times do torneio, com a diferença de que um jogou sempre um pouco mais do que o necessário e o outro, por vezes, o extraordinário.
Mas isso pouco importa, pois há uma vitória a ser comemorada, que é o reencontro desses times com o melhor futebol.
Apesar do regulamento desfalcado de lucidez e clarividência, assistimos uma reta final brilhante. Isso prova que, quando o futebol se vê longe do claustro inócuo dos jogos sem sentido, ele é forte, vivaz e soberano.
A paixão burra e cega deu trégua ao carinho do brasileiro com seu esporte predileto. Estamos falando do ano duro que tivemos, com mortes e batalhas campais de fazer inveja a qualquer bispo na Inquisição. É preciso entronizar a paz que veio à tona com os ânimos serenos.
Então, e por isso mesmo, mais uma vez parabéns ao campeão brasileiro, seja ele Santos ou Botafogo. Ou melhor, parabéns a ambos pelo que fizeram e pelo que bem representaram. E como hoje é segunda-feira e o futebol entra em férias após o jogo da Canarinho, queríamos cumprimentar os ilustres torcedores destes dois sempre grandes campeões.
Felicidades aos santistas Paulo Miklos, Milton Neves, Pelé, Clodoaldo, Nuno Ramos, Arnaldo Antunes, Lina Chamie, Eli Coimbra, Antônio, Baiano e Adelmo, Nando Ramos, Clara e Lúcia, Cao Hamburger, Leda Catunda, Roberto Ramos, Toni Bellotto, Paulo Rosseto, Fernando Salém, Sérgio Britto e todo cardume santista.
Aos botafoguenses Jerônimo, Marina Lima, Armando Nogueira, Vitor Farias, Mecler, Deco, Marco Antônio, Carlos Monte, e toda a constelação da estrela não tão solitária assim.
Venceu o futebol.
A bola é o Sol; de novo!

Marcelo Fromer e Nando Reis são músicos e integrantes da banda Titãs

Cartas podem ser enviadas para a editoria de Esporte, al. Barão de Limeira, 425, 4º andar, São Paulo, SP, CEP 01290-90

Texto Anterior: Alencar e Maia se unem para torcer
Próximo Texto: De volta ao passado
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.