São Paulo, segunda-feira, 18 de dezembro de 1995 |
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De volta ao passado
CIDA SANTOS Não deu para ficar imune: o futebol da turma de Giovanni e Túlio reacendeu a mística das camisas de Santos e Botafogo. Na onda dessa volta aos anos 60, vale lembrar que esses dois times também botavam para quebrar no vôlei naquela mesma época em que Pelé e Garrincha reinavam nos gramados. Era um tempo em que no vôlei ainda se torcia por um clube, não por uma empresa.O Santos tinha Negrelli, que era chamado de Pelé por ser o único negro do time, mas jogava com a camisa 9 de Coutinho. O Botafogo, do então levantador Bebeto de Freitas e de um atacante de nome Carlos Arthur Nuzman, colecionava títulos e seguia a tradição supersticiosa do clube. O time da estrela solitária era conhecido como "urubu de Mourisco", tudo porque mesmo nos dias mais quentes os botafoguenses não deixavam de jogar com camisas pretas e de mangas compridas. Era o uniforme da sorte. Naqueles anos 60 de glórias no futebol, dinheiro não era problema para o Santos. Tanto é verdade que o clube foi o primeiro a pagar salários para atletas de vôlei. Na época, eram dez salários mínimos. Negrelli lembra que isso era algo tão novo no esporte amador que provocava reações: torcidas adversárias chegavam a jogar moedas na quadra e a chamar os jogadores de mercenários. Os treinos no Santos davam vantagem à turma do vôlei. Por conhecerem os meandros da Vila Belmiro, Negrelli e companhia descobriram uma passagem que dava acesso à cobertura do estádio. Era desse local, ao lado dos refletores e a uma altura de 18 metros, que assistiam maravilhados aos jogos do Pelé. Lá a acústica era perfeita e permitia escutar o que os jogadores falavam em campo. Bebeto também acompanhava o futebol. Ele guarda com especial recordação um jogo de Garrincha, nos últimos dias dele no Botafogo. Foi em um 11 de agosto de 65, contra o Vasco. Quando todos já davam Garrincha como acabado, ele deu um show: marcou um gol e fez as jogadas dos outros dois. No futebol, Santos e Botafogo mostraram que os anos 60 são mera referência para dois times que têm presente e futuro. No vôlei, é passado, mas a paixão pelo clube ainda ronda o coração da turma. Bebeto comandou o treino do Olympikus/Telesp, na quarta-feira, em Campinas, e correu para o aeroporto. Foi para o Maracanã ver o primeiro jogo das finais. Negrelli pegou a estrada de Santos, ontem, direto para o Pacaembu. Texto Anterior: A estrela solitária deu a mão ao peixe Próximo Texto: Notas Índice |
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