São Paulo, segunda-feira, 18 de dezembro de 1995
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Botafogo campeão

JUCA KFOURI

Quem disse que no Brasil não tem terremoto? A entrada do Santos em campo provou que existe. Talvez o Brasil não tenha hino, porque a massa santista não deu a menor pelota para a banda que tocava alguma coisa lá embaixo. Preferia saudar um a um de seus ídolos.
Massa que comprou ingresso falso até nas bilheterias do estádio, prova de que o esquema da Federação Paulista continua a funcionar como sempre.
E que esperou mais oito minutos depois das sete horas da noite para ver o jogo começar, mais uma demonstração de como CBF e FPF não são capazes das mínimas coisas.
Isso para não falar dos 80 botafoguenses que, com ingressos para o setor das numeradas cobertas, não conseguiram sentar em suas cadeiras.
"Faz parte da cultura brasileira", lamentou o "antropólogo" Gilberto Coelho, diretor da Confederação Brasileira de Futebol.
Mas o jogador brasileiro a tudo supera.
Jogo nervoso, tenso, disputado palmo a palmo. O Santos tem seis jogadores com características ofensivas -Carlinhos, Marcelo Passos, Giovanni, Robert, Jamelli e Camanducaia. Uma ousadia sem igual. O Botafogo tem Donizeti evidentemente baleado. Uma temeridade.
A flecha Túlio está no gramado mas o arco Donizeti está com a corda frouxa. Aos 24 minutos a flecha fere de morte o coração santista.
Falta na esquerda, bola que viaja alta e que sobra nos pés de Túlio, completamente impedido e faz 1 a 0.
Curioso, o time santista nem reclamou, porque tem complexo de culpa nas bolas altas.
O Santos não cria nada. Então, aos 36, o extraordinário: Giovanni perde um gol incrível.
O Botafogo estava a 45 minutos de ser campeão. E merecia.
O Santos volta com Macedo para atacar e o Botafogo, com Moisés para fechar.
Nem bem começa o segundo tempo Marquinho Capixaba divide, mete a mão na bola e ela sobra para Marcelo Passos empatar. Segurar quem há de?
O Botafogo não consegue jogar.
Mas Deus quis que, com um ponto a mais que o Santos, o Botafogo fosse o novo campeão.
Até porque, com uma campanha mais tranquila na segunda fase, o Botafogo pôde administrar melhor seus cartões e chegar inteiro nas finais.
Justo?
Até talvez, pelo milagre de São Vágner. Mas Camanducaia não estava impedido.

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