São Paulo, segunda-feira, 18 de dezembro de 1995 |
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Cinemateca exibe oito filmes de Saura
JOSÉ GERALDO COUTO
Quando: de hoje a 23 de dezembro Onde: sala Cinemateca Hoje: Ay, Carmela! (18h15); Bodas de Sangue (20h15); Doces Momentos do Passado (21h45) A sala Cinemateca abre hoje o ciclo "O Cinema de Carlos Saura", que exibirá até sábado oito filmes do cineasta espanhol. Nascido em Huesca em 1932, Saura ganhou destaque internacional nos anos 70, com alegorias políticas travestidas de dramas pessoais, e nos anos 80, com parcerias com o bailarino e coreógrafo de flamenco Antonio Gades. No ciclo da Cinemateca comparece, representando o primeiro filão, o célebre "Ana e os Lobos" (1972), talvez o mais esquemático dos dramas políticos de Saura. Vivia-se sob a ditadura franquista, e o diretor encenou a situação do país pondo sua então mulher, Geraldine Chaplin, no papel de estrangeira contratada como governanta de uma mansão rural. Os três irmãos que a assediam na casa -os "lobos" do título- representam cada um uma força reacionária da Espanha: a Igreja, o Exército e a burguesia predatória. O ciclo inclui ainda outra alegoria da Espanha e seus fantasmas, a comédia de humor negro "Mamãe Faz Cem Anos" (1979). Representando o veio da música flamenca, o ciclo da Cinemateca traz o vibrante "Bodas de Sangue" (1981), primeiro rebento da fértil parceria do diretor com Antonio Gades. É a adaptação da peça de Federico Garcia Lorca por uma companhia de flamenco. Dança filmada, em suma, mas muito bem filmada, mantendo toda a força trágica do texto original. Mas as maiores atrações da mostra são os três filmes inéditos comercialmente no Brasil: "A Caça" (1965), "Stress Es Tres, Tres" (1968) e "A Prima Angélica" (1973). Todos serão exibidos em versão original, sem legendas. O primeiro relata uma caçada empreendida por três ex-combatentes, que acabam se digladiando até a morte. O segundo retrata um tenso triângulo amoroso (marido-mulher-amigo) durante uma viagem à praia. "A Prima Angélica", disponível em vídeo, narra a volta de um homem à cidade da infância e às lembranças da Guerra Civil Espanhola. Completam o ciclo "Doces Momentos do Passado" (1981) e " Ay, Carmela" (1990). (JGC) Texto Anterior: Compositor foi mulherengo mas não devasso Próximo Texto: Livro satiriza os clichês da televisão Índice |
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