São Paulo, segunda-feira, 18 de dezembro de 1995
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Expresse intenções com muita clareza

PAULO COELHO
COLUNISTA DA FOLHA

Um homem que procura a justiça caminha até o Palácio da Lei. Diante dele, um soldado monta guarda. A porta está aberta, mas o soldado não fala nada e ele resolve esperar.
Espera um dia. O guarda continua mudo. "Se eu ficar por aqui, ele perceberá que quero entrar", pensa o homem. E passa dias, semanas, anos inteiros diante da porta. O guarda não diz nada.
As décadas passam, o homem envelhece, e já não consegue mover-se. Quando sente a morte, reúne suas últimas forças e pergunta ao guarda: "Por que você não me deixou entrar no Palácio da Lei?"
"Eu não lhe deixei?", responde, surpreso, o guarda. "A porta era sua, estava aberta. Por que você não entrou?"

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