São Paulo, segunda-feira, 18 de dezembro de 1995
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Batismo internacional

O Mercosul, formado por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, ganhou na sexta-feira uma espécie de certidão de batismo internacional. Esse é um dos significados políticos da assinatura, em Madri, de um acordo de cooperação com a União Européia, cujo objetivo de médio prazo é a constituição de uma zona comum de livre comércio.
Se, de fato, as negociações que vão agora se desenvolver desembocarem em uma zona de livre comércio, será a maior do mundo e, também, a primeira a congregar países separados uns dos outros por um oceano (o Atlântico).
O fato de a UE ter dado prioridade ao Mercosul, nesse ensaio tão ousado como inédito, é um indício de que começa a consolidar-se esse bloco sul-americano, para surpresa, até, de muito dos habitantes dos quatro países que o compõem.
Não seria exagero dizer que poucos brasileiros têm noção de que o Mercosul é "a quarta potência comercial do mundo", conforme fez questão de assinalar, no ato de assinatura do acordo, um dos vice-presidentes da UE, o espanhol Manuel Marín. De fato, o PIB do Mercosul só é inferior ao da própria UE, do Nafta e do Japão.
Além desse lado simbólico, o acordo tem também significado econômico relevante. Ele prevê, afinal, a "liberalização progressiva e recíproca" dos intercâmbios econômicos entre os dois blocos.
Serve, por fim, de indicador adicional de que a globalização -da qual acordos inter-regionais são um componente- é o fenômeno marcante do final do século e obriga cada país a enfrentar seus problemas conjunturais com um olho na situação interna, mas com o outro no resto do planeta -o que só aumenta o tamanho dos desafios.

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