São Paulo, segunda-feira, 18 de dezembro de 1995
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FHC e a economia

VALDO CRUZ

BRASÍLIA - As especulações sobre a troca de ministros da área econômica estão de volta. O mais engraçado -e trágico- é que, agora, não é uma inflação fora de controle que pode provocar mudanças nos ministérios da Fazenda e do Planejamento.
Nos governos anteriores, salvo raras exceções, os ministros econômicos eram colocados na frigideira sempre que a inflação disparava. Hoje, ela está em queda. Deve ficar em 23% neste ano. Para 96, a previsão é de uma taxa menor ainda.
Mesmo assim, dentro e fora do governo já se fala em troca de ministros da área econômica. Entre os auxiliares do presidente Fernando Henrique, o ministro Pedro Malan (Fazenda) é o mais visado.
Duas reclamações são feitas até no Palácio do Planalto: Malan parece se omitir nos momentos de crise, expondo o presidente e seus subordinados, e mantém sem mudanças uma política econômica que faz o país crescer a taxas irrisórias.
Fora do governo, o alvo predileto é o ministro José Serra (Planejamento). O PFL não confia no ministro tucano. Os pefelistas reclamam do ritmo da privatização e da ausência de um ajuste fiscal, responsabilidades de Serra.
Mas o principal motivo das críticas do partido aliado é o apetite político do senador José Serra. Ele é visto como um inimigo para as próximas eleições presidenciais. Reservadamente, o PFL já fez chegar ao presidente o seguinte recado: se Malan sair, quer também a cabeça de Serra.
Um ministro próximo a FHC não acredita que ele já tenha uma posição formada sobre a troca de ministros da economia. Pelo que ouviu do próprio presidente, acredita que ele gostaria de aguardar a votação das reformas constitucionais.
Mas faz uma ressalva: FHC pode ser obrigado a promover mudanças diante da decisão pessoal de integrantes da equipe econômica, que não estariam suportando mais as intrigas políticas. É o caso da diretoria do BC e pode ser o do ministro da Fazenda.
Nesse caso, esse mesmo ministro trata de tranquilizar o PFL. O presidente, até por não ser economista, nunca dará superpoderes a um de seus ministros da economia. Sempre terá dois ministros na área econômica com posições divergentes.

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