São Paulo, terça-feira, 19 de dezembro de 1995
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Crime é político, diz Raupp

PAULO SILVA PINTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governador de Rondônia, Valdir Raupp (PMDB), disse ontem que "está quase descartado o envolvimento dos assassinos de Manuel Ribeiro com conflito de terra".
Para Raupp, o conflito de 9 de agosto, que resultou na morte de dez sem-terra e dois policiais militares, "serviu de lição para os dois lados".
Ontem ele esteve em Brasília para percorrer ministérios em busca de recursos federais para o Estado. Falou por telefone com o ministro da Justiça, Nelson Jobim.

Folha - O presidente do PT, José Dirceu, afirma que houve omissão por não se ter desarmado pistoleiros e fazendeiros depois do massacre de 9 de agosto. A Polícia Militar de Rondônia fez algum esforço para isso?
Valdir Raupp - Fizemos uma tentativa, mas não deu resultado. A informação de que vai haver apreensão se espalha rápido e aí nada aparece. Mas isso vai ser feito de novo. É uma operação difícil, tem região onde só é possível se deslocar em helicóptero.
Folha - O sr. acredita que o assassinato do vereador teve motivação política?
Raupp - As investigações até agora apontam para um conflito de política local. Já existe um suspeito preso e duas testemunhas vão prestar depoimento em Porto Velho, para ter mais segurança. Está quase descartado o envolvimento dos assassinos de Manuel Pereira com o conflito de terra.
Folha - Faltou proteção ao vereador?
Raupp - Ninguém pediu a proteção dele.
Folha - O sr. teme que peçam intervenção federal no Estado?
Raupp - De jeito nenhum. No Pará houve agora mais de 18 mortos. No Paraná, outro dia, 16 baleados. Corumbiara, infelizmente, foi o primeiro grande despejo de sem-terra no ano.
Folha - Qual a avaliação que o sr. faz do conflito hoje?
Raupp - Ele serviu de lição para os dois lados, tanto para os governos federal, municipal e federal como para os sem-terra. Houve falhas brutais. A polícia não preparou bem a equipe. Os sem-terra estavam desorganizados e armados.
Folha - Que medidas foram tomadas depois do massacre?
Raupp - Várias pessoas vão ser presas, dos dois lados. Vamos instalar uma delegacia de Polícia Civil em Corumbiara. Quando eu assumi o governo, não havia nem Polícia Militar nessa cidade.

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