São Paulo, terça-feira, 19 de dezembro de 1995 |
 |
|
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Internet pode ser tulipa do fim do século
GILSON SCHWARTZ
A dificuldade de um acordo entre Clinton e os republicanos sobre o orçamento impediria um corte dos juros agora, segundo uma parte do mercado. Os temores dessa corrente predominaram. Mas esse é apenas um dos fatores. Talvez ainda mais forte, numa perspectiva de mais longo prazo, seja a percepção cada vez mais disseminada de que Wall Street simplesmente já subiu demais. Assim, mesmo que o Fed derrube os juros hoje, estaria começando um movimento que os mercados denominam de "correção técnica". Mas o sentido dos juros e a percepção de valorização exagerada das Bolsas são, ainda, fatores ditos conjunturais. Há também algumas dúvidas importantes associadas a fatores estruturais da economia norte-americana. Uma dúvida estrutural que reforça a suspeita de que os mercados estariam exagerando afeta por exemplo as chamadas ações tecnológicas. Houve neste ano uma febre de Internet e congêneres. Quando depois de uma alta exagerada percebe-se que alguns dos fundamentos talvez sejam ilusórios, o tombo costuma ser traumático. Há também cada vez mais gente desconfiada das fusões e aquisições que dominaram a economia dos EUA em 1995. Bancos, gigantes das telecomunicações e da indústria cultural, entre outros setores, passaram por um processo de consolidação cujos resultados, em termos de eficiência geral da economia e de potencial de crescimento, têm sido questionados. Os mercados podem, portanto, estar diante de um fantasma aliás tão antigo quanto o capitalismo. Já no século 17 os holandeses viveram a bolha especulativa das tulipas, que terminou com a ruína de entusiasmados "investidores" no que parecia uma tendência de valorização infinita. Texto Anterior: Cofap demite 700, diz sindicato Próximo Texto: A hora da verdade Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |