São Paulo, quarta-feira, 20 de dezembro de 1995
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Deputado dedica 'Apesar de Você' a Fernando Henrique

'Você vai pagar e é dobrado', afirma Luís Eduardo

GABRIELA WOLTHERS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Inspirado pelo churrasco ao ar livre em sua residência, com vista para o lago Paranoá, Luís Eduardo Magalhães lançou mão da música "Apesar de Você", de Chico Buarque, para mandar recados ao presidente Fernando Henrique Cardoso e para a diretoria do Banco Central.
Já passavam das duas horas da madrugada de ontem -todos os convidados haviam terminado o jantar- quando o deputado começou a cantarolar a música.
Animado, Luís Eduardo dedicou um trecho inteiro a FHC, a quem chamou de "mulatinho", mostrando claramente que seu relacionamento com o presidente está estremecido: "Você que inventou a tristeza/ora, tenha a fineza de desinventar". Na campanha presidencial de 1994, FHC disse que era "mulatinho" e que tinha "o pé na cozinha".
Trocando às vezes a ordem da música, mas mostrando que conhece de cor grande parte da letra, Luís Eduardo continuou com seu recado ao presidente: "Você vai pagar e é dobrado".
"Essa parte é para o Banco Central", continuou Luís Eduardo, quando cantou o seguinte trecho: "Apesar de você, amanhã há de ser outro dia/E eu pergunto a você onde vai se esconder/da enorme euforia/como vai proibir/quando o galo insistir em cantar."
Momentos antes, o presidente da Câmara havia dito que iria cobrar explicações do Banco Central sobre sua atuação no mercado financeiro, principalmente com relação aos bancos.
Luís Eduardo chegou a dedicar uma parte da música a ele próprio. Foi no momento em que cantarolou o trecho que diz: "Quando chegar o momento/esse meu sofrimento vou cobrar com juros, juro".
"Apesar de Você" foi lançada em 1970, durante o regime militar, e teve sua execução proibida pela censura. Na época, o compositor foi convocado a prestar esclarecimentos por parte dos censores, que o questionaram sobre quem é o "você" ao qual se refere a letra.
Chico Buarque negou que houvesse qualquer referência aos governantes do país, mas não convenceu.
(GW)

Colaborou a Redação

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