São Paulo, quarta-feira, 20 de dezembro de 1995
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Calmon divulga nota e ACM volta ao ataque

DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR

O ex-presidente do Banco Econômico Ângelo Calmon de Sá publicou ontem em três dos quatro jornais diários de Salvador (BA) nota oficial informando que não está recebendo salários ou honorários da instituição.
A nota só não foi publicada no "Correio da Bahia", que pertence a parentes do senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA).
Na semana passada, o senador negou que sua campanha tivesse recebido R$ 1,114 milhão do Banco Econômico em 1990. "Não recebi este dinheiro e se existe algum ladrão é o doutor Ângelo Calmon de Sá", disse ACM.
No último sábado, ACM disse que iria processar Calmon de Sá. O senador também ameaçou invadir a casa do ex-presidente do banco caso ele recusasse a assinar os papéis da venda do banco.
A nota de Calmon de Sá não faz nenhuma referência aos ataques de ACM.
O senador criticou a nota. "Calmon de Sá esqueceu de dizer na nota que o seu patrimônio e o de sua família cresceram mais do que o próprio banco que administrou no período", afirmou.
Magalhães disse que a "vaidade" de Calmon de Sá quase levou o banco à falência em 73, quando tentou comprar as ações do Banco da Bahia. "Esta vaidade doentia do dr. Calmon de Sá comprometeu todo o ativo do banco à época".
Abaixo, a íntegra da nota de Calmon de Sá:

A respeito do noticiário divulgado pela imprensa nos últimos dias, o sr. Ângelo Calmon de Sá vem a público prestar os seguintes esclarecimentos:
1 - Decretada a intervenção no Banco Econômico, decidi pelo silêncio, como maneira de colaborar com as autoridades financeiras para a rápida reabertura do banco, com a preservação do patrimônio dos depositantes, dos acionistas minoritários e dos funcionários.
2 - Apenas uma vez, aconselhado por amigos, vim a público para desfazer boatos de que teria abandonado a Bahia -e até o país-, ocasião em que reiterei, através de emissoras de televisão, a minha preocupação, até com sacrifício pessoal, de que fossem preservados os interesses dos depositantes, dos funcionários e dos acionistas minoritários do Banco Econômico.
3 - Agora que uma solução que mantém a estrutura do Econômico como grande banco de varejo se avizinha, sinto necessário apresentar os seguintes esclarecimentos:
a) todos os meus bens estão indisponíveis e destinados, pelas autoridades, a pagamento de eventuais prejuízos;
b) não estou recebendo salários ou honorários do banco;
c) a minha vida empresarial está sendo objeto de rigorosos inquéritos;
d) aguardo, com serenidade, o encaminhamento, se for o caso, dos processos à Justiça, quando refutarei as acusações que me forem imputadas;
e) continuo, como antes da intervenção, disposto a transferir minhas ações a quem possa preservar os direitos dos acionistas minoritários, investidores e funcionários, e garantir a continuidade do banco, que, nos 24 anos sob meu comando, teve seu corpo funcional elevado de 2.500 a 9.500, o seu número de agências aumentado de 80 para 279 e o banco alçado da 47ª para a 7ª posição no ranking dos bancos privados brasileiros. Nesse período, apenas me afastei durante seis anos, por ter sido convocado para prestar serviços ao país, em diversas funções públicas;
f) restrinjo, no momento, meus esclarecimentos aos constantes desta nota, para evitar qualquer perturbação no bom andamento das negociações em curso para a solução definitiva do problema do Banco Econômico, que tanto interessa a toda a Bahia.
Salvador, 19 de dezembro de 1995
Ângelo Calmon de Sá

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