São Paulo, quarta-feira, 20 de dezembro de 1995
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Assassino de torcedor participou de chacina

AZIZ FILHO
DA SUCURSAL DO RIO

O garoto de 13 anos acusado de matar um torcedor do Santos na quarta-feira passada no complexo da Maré (Rio) confessou, na madrugada de ontem, ter participado de uma chacina, em março, na favela Vila do Pinheiro, vizinha à Vila do João (no complexo).
"É um garoto muito perigoso. Confessou ter arrancado a cabeça de duas pessoas com uma escopeta", afirmou o inspetor Emídio, chefe do SIG (Setor de Investigações Gerais) da 21ª DP (Delegacia de Polícia), onde estão dois dos sete presos acusados de ter atirado contra um grupo de 11 torcedores.
Segundo o inspetor, na chacina ocorrida em março, pelo menos oito pessoas foram mortas.
Cinco dos presos são menores de idade e foram encaminhados ontem à DPCA (Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente). Paulo Roberto da Silva, 20, e Rubens Batista da Silva, 19, estão na delegacia, com pedido de prisão temporária na Justiça.
Conhecido como Cabeção, Paulo Roberto da Silva, segundo a polícia, é um dos gerentes do tráfico de drogas na Vila do Pinheiro.
Ele foi acusado pelos outros presos, que integram a quadrilha de Odir dos Santos, do Comando Vermelho (na Vila do João), de ter matado o advogado paulista Edmilson Moura, 35, na Linha Vermelha, em 13 de fevereiro.
Segundo Emídio, os torcedores do Santos se perderam e entraram na divisa entre as duas favelas no momento em que as quadrilhas trocavam tiros na guerra pelo controle do tráfico no local.
A PM informou que 150 homens do 22º Batalhão continuam ocupando as duas favelas (Vila do Pinheiro e Vila do João).
O secretário da Segurança Pública do Rio, general Nilton Cerqueira, defendeu ontem a responsabilização criminal de maiores de 14 anos. A legislação atual só prevê a responsabilização para maiores de 18.
Cerqueira afirmou ter ficado "perplexo" com a participação de pelo menos cinco menores no tiroteio que acabou matando o vendedor Ronaldo Mattos, 32, e ferindo outros três torcedores do Santos.
No Rio, segundo o general, os criminosos têm como estratégia permanente a utilização de menores para o tráfico de drogas e outros crimes. "Eles fazem isso porque sabem que os menores são quase inimputáveis", disse.
Cerqueira afirmou que a estratégia da polícia é ocupar as outras cinco favelas do complexo para impedir o acesso de compradores.

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