São Paulo, quarta-feira, 20 de dezembro de 1995
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Aventuras de Ed Mort chegam às telas

MÔNICA MAIA
DA REPORTAGEM LOCAL

O detetive Ed Mort, criado por Luis Fernando Veríssimo, nasceu nos jornais, rendeu livros, histórias em quadrinhos e passou pela televisão. Agora as aventuras de Ed e suas clientes desesperadas viram filme.
Há sete semanas, o diretor Alain Fresnot vem rodando em São Paulo "Ed Mort Procurando o Silva", com lançamento previsto para julho.
O filme, baseado na história publicada em livro e quadrinhos em 1979, traz atrações inesperadas. Chico Buarque, Gilberto Gil, Zé do Caixão, Luiza Thomé, Cauby Peixoto e Marília Gabriela fazem participações. Eles aparecem como disfarces do personagem Silva.
"No original o Silva usava máscaras. Era a época do Tancredo Neves, e ele tinha máscaras que grudavam no rosto e não saíam. Achei que isso não funcionaria no cinema. Então inventei vários Silvas. Eles aparecem dublados com a voz do ator José Rubens Chachá, do grupo Ornitorrinco, e na pele de gente como Gil, Chico, Cauby, Luiza Thomé", diz o diretor Alain Fresnot.
A participação de Chico Buarque consumiu dois dias de filmagem, em um bar de sinuca. É o primeiro disfarce do Silva. O personagem aparece também como Luiza Thomé em um encontro marcado em um motel.
No roteiro do filme Ed é contratado por uma mulher misteriosa para localizar o marido desparecido, o Silva, executivo das indústrias Delbono. Ed se apaixona por Cibele, filha do Silva, apresentadora de programas infantis interpretada por Claudia Abreu. Ary Fontoura e Otávio Augusto também estão no elenco.
Alain Fresnot comprou os direitos do personagem Ed Mort, em 1991, por R$ 20 mil. "Foi um acordo ótimo. Ed Mort ainda não tinha ido para a série da TV Globo", afirma.
Segundo o diretor, a adaptação para o cinema foge das fórmulas da história em quadrinhos ou das histórias de detetives retratadas no cinema noir.
"O Guilherme de Almeida Prado fez isso bem com 'A Dama do Cine Xangai', em 1989. Eu fiz uma comédia de costumes paulista. Ed foi concebido no livro como um detetive que morava em Copacabana. Fizemos o filme em São Paulo", diz o diretor.
O cenário inclui as grandes galerias da rua 24 de Maio e outras locações paulistanas. "Não é um filme de rua. Mas mostra São Paulo e seus bares, casas de milionários, hotéis da Boca do Lixo", diz Fresnot.
"Acho que essa é uma das melhores histórias do Ed. Não gostei da adaptação feita para a TV em 93 pelo diretor Guel Arraes, com o Luiz Fernando Guimarães. Não fui consultado e mudaram a aparência do Silva. Tiraram o topete, a barba e o bigode. Acho que isso não faz muito sentido. É como tirar o óculos e o cachimbo do Nick Holmes. Ed Mort é como um filho que fugiu de casa", diz Miguel Paiva, cartunista que desenhou o personagem em histórias em quadrinhos.
A concepção do cinema agrada o cartunista. "Nos jornais Ed Mort teve dez anos de tiras diárias. Também não me consultaram. Mas acho que esta fórmula está mais próxima do espírito do detetive", diz Paiva.
A nova versão foi adaptada para a modernidade. Em vez de habitar as galerias de Copacabana, Silva está em um escritório do centro de São Paulo. usa um computador velho. "Está bem contemporâneo", diz Fresnot.
As novas aventuras de Ed Mort têm uma cena digna de James Bond. Ele cai de um avião e é salvo por um grupo de pára-quedistas.
A carreira de Ed Mort começou com as crônicas publicadas na imprensa em 1981. Os quadrinhos de Ed Mort começaram a ser publicados em 1983. "Ed Mort Procurando o Silva", em quadrinhos e livros publicados pela LP&M, está à venda nas livrarias. O álbum de quadrinhos, com 60 páginas, custa R$ 6,10 e o livro, de 232 páginas, custa R$ 12,50.

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