São Paulo, sábado, 23 de dezembro de 1995
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Consumidor espera por ofertas, diz presidente da Sadia

ANTONIO CARLOS SEIDL
DA REPORTAGEM LOCAL

O consumidor mudou de estratégia neste Natal, deixando as compras para a última hora em busca de promoções especiais e reduções de preços na rede lojista.
A avaliação é de Luiz Fernando Furlan, presidente do conselho de administração da indústria de alimentos Sadia (faturamento de US$ 1,7 bilhão).
"No ano passado, o consumidor, desacostumado com a estabilização de preços e assustado com a perspectiva de escassez de produtos, correu às compras".
Neste ano, porém, prossegue Furlan, o consumidor, principalmente da região Sudeste, consciente da alta concorrência no comércio, ficou esperando as ofertas.
Ele prevê grande movimento de compras neste fim-de-semana, quando o comércio varejista aproveitará a abertura das lojas amanhã, véspera de Natal, para uma "queima" de estoques.
Furlan diz que as vendas de produtos alimentícios natalinos pela Sadia, principalmente peru e presunto tender, terão um aumento de 15% neste ano em relação a 1994.
"Nunca fomos pessimistas. Qual é a família, em São Paulo, pelo menos, que não pode pagar R$ 12 pelo seu peru de Natal? Felizmente, poucas", diz.
O aumento das vendas da Sadia neste Natal está sendo atendido não só pelo crescimento da produção, mas também pelo redirecionamento de parte das exportações para o mercado interno.
A Sadia, diz, montou um "superesquema" para ajudar a distribuição de seus produtos natalinos, cuja procura cresceu significativamente nas últimas semanas.
"A Sadia vendeu toda sua produção para o Natal. Mas nem todos os revendedores tinham estocado os produtos. Adotamos medidas extras, num grande esforço na logística de distribuição e reposição para atender todo o mercado".
Para Furlan, os consumidores, principalmente aqueles que receberam a segunda parte do 13º com reajuste, reagiram retardadamente, aquecendo o comércio natalino.
Perspectivas
Furlan diz que 1995, na média, foi melhor que um ano atrás. Para ele, a consolidação do Plano Real depende de o governo enfrentar vitoriosamente seus dois maiores desafios em 1996: corte do déficit público e geração de empregos.
Roberto Macedo, presidente da Eletros (Associação Nacional dos Fabricantes de Produtos Eletrônicos), diz que não está surpreso com o crescimento das vendas de eletroeletrônicos neste fim de ano.
"Acreditava que o comércio venderia mais no Natal, devido aos recordes sucessivos das vendas internas da indústria de eletrônicos desde agosto", diz.
Para Macedo, o ano de 1995 foi "ótimo" para a Eletros. O setor cresceu 30%. A expectativa para 1996 é, porém, cautelosa. "Acho que o setor não repete essa taxa. Vamos ficar em torno de 10%, talvez nem isso", afirma.
Macedo diz que 1996 será um ano crucial para o Real. Segundo ele, a indústria espera mais rapidez nas reformas estruturais, mas teme que isso não aconteça.
"A sociedade ainda tem crença no presidente salvador, mas Fernando Henrique Cardoso é um refém do Congresso e do corporativismo que encrencam o desenvolvimento do país."

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