São Paulo, sábado, 23 de dezembro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Acusação contra Edmundo pode ser de 'dolo eventual'

CLÁUDIA MATTOS
DA SUCURSAL DO RIO

A Procuradoria de Justiça do Rio estuda a possibilidade de denunciar Edmundo por homicídio com dolo eventual pelo acidente com o carro do jogador, que dirigia em alta velocidade, e causou a morte de três pessoas.
O dolo eventual é um meio-termo entre o homicídio culposo (sem a intenção de matar) e o doloso (com intenção).
Edmundo Alves de Souza Neto, 24, foi indiciado por homicídio culposo no inquérito policial aberto na 14ª DP (Delegacia de Polícia). Se o promotor considerar que ele assumiu conduta de risco, porém, pode optar por pedir a condenação por homicídio com dolo eventual.
Embora o inquérito só deva ser concluído na semana que vem, a promotora Leila Polastri já está em contato com os policiais para preparar a denúncia.
O acidente ocorreu em 2 de dezembro, quando o jipe Cherokee dirigido por Edmundo se chocou contra um Uno, na lagoa Rodrigo de Freitas. Além dos três mortos, outras três pessoas, além do próprio jogador, ficaram feridas.
A perícia concluiu que os dois carros se desviaram da sua trajetória original, provocando o choque.
As consequências foram agravadas porque o jogador dirigia em alta velocidade. Além do laudo, depoimentos de testemunhas confirmam que Edmundo estava correndo.
Michel Assef, dirigente do Flamengo e advogado de Edmundo, disse ontem que achou o resultado do laudo pericial "razoável".
"Ele não é conclusivo e diz que o acidente foi provocado por uma ilusão de ótica de estreitamento de pista na curva", afirmou.
Edmundo, que treinou ontem de manhã no Flamengo, disse estar tranquilo com o resultado do laudo e que, para ele, não existem culpados em um acidente de trânsito.
O jogador voltou a dizer que não estava "correndo". "Eu acho que estava a menos de 80 km/h. Mas também não fico olhando para o velocímetro o tempo todo".
Ontem, o delegado Carlos Leba, que preside o inquérito policial na 14ª DP, tentou ouvir Débora Ferreira da Silva, que estava no carro de Edmundo e continua hospitalizada. Débora, porém, se negou a prestar depoimento.
As vítimas, ou suas famílias, podem acionar judicialmente o jogador, pedindo indenizações por perdas e danos.

Texto Anterior: Túlio Maravilha
Próximo Texto: Flamengo dá prazo para resposta corintiana
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.