São Paulo, domingo, 24 de dezembro de 1995
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'Somos apenas judeus que crêem em Jesus'

Rabino messiânico nega 'evangelização'

ROGÉRIO WASSERMANN
DA REPORTAGEM LOCAL

O fundador da Congregação Israelita Messiânica Beith Israel (casa de Israel em hebraico), Sadi Gontow Profes, 39, rejeita o título de judeu-cristão. A Beith Israel é uma das duas associações existentes em São Paulo.
"Não queremos evangelizar ninguém. Somos apenas uma sinagoga nascida de judeus que acreditam em Jesus", afirma ele, ordenado rabino messiânico pela Beth Israel Messianic Fellowship, localizada na Flórida (EUA).
Para Profes, sua organização é diferente da outra comunidade existente em São Paulo, a Beth Sar Shalom. "Nós não temos ligação com nenhuma igreja evangélica", diz.
Os frequentadores da Beith Israel não festejam o Natal. "Não é uma festa bíblica. Além disso, pela tradição, sabemos que Jesus não nasceu nesta época do ano".
Seus cultos, realizados às sextas-feiras em uma sala alugada no bairro do Bom Retiro (região central), de grande concentração judaica, e aos sábados, num espaço também alugado, em uma faculdade metodista de teologia, na Vila Mariana (zona sul), reúnem entre 40 e 60 pessoas.
"Há também não-judeus simpatizantes que frequentam nossas reuniões", afirma Profes.
A Associação Judaico Messiânica Profecias Bíblicas, dirigida pelo rabino, divulga as idéias messiânicas e as festas da congregação em um jornal.
Profes diz sentir um preconceito por parte dos judeus tradicionais."Eles não nos aceitam, mas se o judaísmo é uma questão de fé continuamos judeus. Seguimos todas as festas genuinamente judaicas, e não seguimos as de tradição cristã", diz.
"Somos os modelos dos cristãos dos primeiros 300 anos depois de Cristo, que acreditavam em Jesus como o Messias e seguiam os ritos judaicos", afirma.
Segundo ele, sua congregação se identifica com as congregações ortodoxas judaicas. "Temos as mesmas crenças, seguimos as mesmas festas", disse.
As comunidades judaico-messiânicas não seguem uma autoridade religiosa central. "Temos várias tendências dentro do judaísmo messiânico. Há linhas ortodoxas, liberais e reformistas", afirma Profes.
(RW)

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