São Paulo, sexta-feira, 29 de dezembro de 1995
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AFPs somam US$ 25 bilhões

DA ENVIADA ESPECIAL

As AFPs (Administradoras de Fundo de Pensão) chilenas somam um patrimônio em torno de US$ 25 bilhões (cerca de 45% do PIB, o conjunto de bens e serviços produzidos pelo país). Isso representa 27% da poupança interna do país.
Investindo em ações (30% do capital), em títulos do governo (mais de 50%) e na construção civil (duas em cada três casas construídas no Chile para moradia são financiadas pelos fundos de pensão), o sistema de AFPs promoveu o desenvolvimento do mercado de capitais chileno, que até o início da década de 80 era incipiente.
Mas a reforma do sistema, passando de um modelo totalmente estatal que durou quase 60 anos para um regime de administração privada, teve um custo alto. O déficit gerado nas contas públicas foi de 3,5% do PIB (cerca de US$ 900 milhões) durante os primeiros anos. Hoje, esse déficit está em torno de 1,5% do PIB.
No Brasil, o custo de uma modificação que acabasse com o sistema público, instituindo um modelo administrado integralmente pela iniciativa privada inviabilizaria a reforma.
O professor José Marcio Camargo da PUC-RJ cita em um estudo preparado para a Cepal, que em 1990 o déficit que uma reforma do tipo da chilena causaria no Brasil era da ordem de 8,5% do PIB (equivalente à época a US$ 35 bilhões).
"Antes de fazer uma reforma, o governo deve calcular o custo e ver se é desejável partir para um modelo radical", diz Uthoff para quem o Brasil não conseguiria arcar com o déficit da transição. No Chile, o custo foi parcialmente coberto com a privatização de estatais.

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