São Paulo, sexta-feira, 29 de dezembro de 1995
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BC surpreende e mexe de novo no câmbio

JOÃO CARLOS DE OLIVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Surpreendendo os bancos, o BC (Banco Central) voltou a mudar a "minibanda" cambial ontem -um dia após o último ajuste. O dólar, agora, pode flutuar de R$ 0,972 a R$ 0,977.
Para os exportadores, a alteração não tem nenhum efeito prático. Mas, para o Tesouro, sim.
No dia 2 de janeiro, vencem títulos cambiais. Como o câmbio subiu, o Tesouro terá de desembolsar mais R$ 2,3 milhões.
Alguns bancos também perderam. Muitas instituições esperavam a mudança na "minibanda" (e deram a do dia anterior como a última do ano) para acertar suas posições de balanço.
É. Só que o BC deu outra correção do dólar. Foi um drible. E o dólar subiu no mercado futuro.
Os "acertos" de final de ano -nesse caso, para pagar menos Imposto de Renda- também acabaram pressionando as cotações do dólar paralelo. Ontem, pela primeira vez desde a implantação do Plano Real, o "black" fechou cotado a R$ 1,00 (venda). Em janeiro, tudo indica, volta a cair.
Com gente e empresas buscando alternativas para pagar menos IR e o BC aumentando a conta nos resgate de títulos, ontem, o Tesouro fez novo leilão. Vendeu R$ 4,165 bilhões em títulos. Os prefixados pela taxa de 3,558% e os corrigidos pela TR a juros de 17,36%.
O Tesouro vendeu dois lotes de cambiais. O de seis meses pagou juros anuais de 21,30% e o de um ano, 19,5%.
Se no câmbio o BC surpreendeu pelo que fez, nos juros surpreendeu pelo que não fez. Até agora, o BC não sinalizou sobre o futuro. Apenas emprestou recursos no over por dois dias a 4,02%.
Mas, se o BC não sinalizou nada, o mercado tirou conclusões: o juro vai cair, mas menos do que se supunha anteriormente.
Juro alto no início de 1996, com nível baixo de atividade, é como um empurrão na beira do abismo.
Estourando rojões, a Bolsa paulista fechou o ano com baixa de 1,08%. O mercado aguarda pelo chamado "efeito janeiro".
Nos últimos cinco anos, somente em janeiro do ano passado, por conta da crise do México, a Bolsa não explodiu em janeiro.
Faz sentido. Em janeiro, o mercado refaz suas apostas, comprando ações. As perdas passadas já viraram balanço de 95. Bom 1996.

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