São Paulo, quinta-feira, 2 de fevereiro de 1995
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Jornalistas loteiam terrenos irregulares

PAULO SILVA PINTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Cooperativa Habitacional dos Jornalistas comprou uma fazenda de 120 hectares, a 30 km de Brasília, em 1990, e dividiu-a em 500 lotes sem fazer qualquer comunicado ao poder público.
Trata-se de uma área de proteção ambiental, o que impede a regularização dos terrenos.
"Não juntamos os papéis porque sabíamos que não iriam autorizar", diz o presidente da Cooperativa, Allan Pimentel, 45.
Ele diz que o único jeito de fazer loteamentos em Brasília é contrariar a lei assinada na gestão do governador José Aparecido de Oliveira (85), que "engessou tudo".
Joyce Belfari, 35, funcionária da Secretaria de Comunicação do gabinete do governador Cristovam Buarque, diz que se sente "constrangida" de ter comprado um lote em área de proteção ambiental.
"O loteamento é mais irregular do que eu imaginava", diz ela.
Pimentel —funcionário da Câmara dos Deputados, onde trabalha para a "Voz do Brasil"— afirma que as decisões da cooperativa foram em assembléia e que todos sabiam da situação do loteamento.
"Nós esperávamos um rezoneamento das áreas de proteção ambiental e continuamos esperando por isso. Ao lado do loteamento há duas cidades satélites, de 40 mil habitantes cada uma", afirma.
A cooperativa pediu audiência com a vice-governadora Arlete Sampaio, 44, responsável pela questão de terras no DF.
Ela diz que uma comissão avalia 429 condomínios irregulares e que ainda não sabe quais podem ou não ser regularizados.
Em outra frente, a das ocupações de área pública, o governo do Distrito Federal tem agido com mais truculência.
Na terça-feira, 12 casas foram demolidas no núcleo rural de Taguatinga, cidade satélite de Brasília. No dia 10 de janeiro os tratores já tinham passado por cima de quase metade de uma área com 350 barracos. A vice-governadora afirma que só foram retiradas as ocupações que aconteceram depois de 15 de novembro, quando o atual governo foi eleito.

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