São Paulo, domingo, 5 de fevereiro de 1995 |
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Montadoras defendem propostas conflitantes
ARTHUR PEREIRA FILHO
Não há consenso sobre o aumento do IPI sobre o carro "popular" e a elevação do Imposto de Importação de 20% para 35%. A Volkswagen quer alíquota entre 5% e 8% de IPI sobre o "popular", que hoje está isento. Em troca, que o governo reduza o imposto sobre carros médios e de luxo —entre 25% e 30%— para entre 12% e 15%. A Folha apurou que, em encontro entre as fábricas e a ministra Dorothéa Werneck, terça-feira passada, Ford e GM deram seu apoio à sugestão. A apresentação da proposta foi suficiente para provocar discussão entre o vice-presidente da Volks, Miguel Jorge, e o superintendente da Fiat Automóveis, Pacifico Paoli. A Fiat, que detém quase 50% do mercado de "populares", é contra a proposta e não aceita mudanças. O efeito da proposta da Volkswagen é o aumento do preço do "popular" e queda no valor dos demais carros. Isso diminuiria a demanda pelo "popular", eliminaria o ágio e estimularia as vendas de outros modelos. "Nossos concorrentes se preocupam em ganhar uma fatia do bolo em vez de resolver problemas estruturais", afirma Paoli. Alíquota de 35% A proposta de elevar a alíquota do II para 35% é polêmica entre as fábricas. Mas em um ponto elas concordam: o maior interessado é o governo, que estaria preocupado com déficit da balança comercial. Montadoras e importadores independentes pretendem vender 450 mil veículos importados em 95, caso sejam mantidas as atuais regras. "A proposta é do governo. Não vamos apresentá-la na câmara setorial", explica Luiz Adelar Scheuer, presidente da Anfavea (associação dos fabricantes). Apesar disso, a decisão foi elogiada. "É a correção de um erro cometido em 94", diz Scheuer. A Ford é a montadora que mais se opõe à medida. Sua estratégia para 95 poderia ficar comprometida. A Ford quer aumentar sua participação de mercado com a venda de importados, entre eles o Fiesta. A Fiat, a maior importadora do país, "desaconselha" o aumento de alíquota para evitar "gerar incertezas no mercado". Tanto Volks como GM são favoráveis ao aumento da alíquota. "Somos a favor da redução gradual de 35% para 20% até o ano 2000, como estava previsto", diz José Carlos Pinheiro Neto, diretor de Assuntos Corporativos da GM. Governo, empresários e trabalhadores tentam viabilizar a meta de 3,5 milhões de veículos produzidos no ano 2000. Novas metas O objetivo da câmara setorial é fechar novas metas de produção e investimentos para a indústria automobilística. As montadoras querem a definição de uma política industrial que viabilize o retorno para os seus investimentos. Propostas comuns: fim dos impostos em cascata: isenção de II na compra de máquinas e equipamentos; incentivos para as exportações; reabertura dos financiamentos e dos grupos de consórcio. Em pontos importantes não há consenso: o câmbio, por exemplo. Para a Fiat, é preciso estabelecer uma paridade cambial entre real e dólar para reduzir a falta de competitividade do carro nacional. A posição da Volks é outra. Para a montadora, o governo não precisa mexer no câmbio agora. A GM não pretende discutir a questão cambial na câmara setorial. "É o mercado que regula o câmbio", diz Pinheiro Neto. Texto Anterior: Governo quer acordo para reduzir importação Próximo Texto: Quércia tenta retomar as rédeas do PMDB Índice |
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