São Paulo, domingo, 5 de fevereiro de 1995
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Tendências vão tentar recomposição

AMÉRICO MARTINS; EMANUEL NERI
DA REPORTAGEM LOCAL

As alas mais à esquerda do PT ainda estão divididas quanto à estratégia que adotarão para se contrapor ao novo "centrão" petista.
Elas estão esperando uma definição maior da tendência "Hora da Verdade". Querem avaliar a extensão do possível racha para saber se será necessário articular a formação de novos grupos.
O principal líder da tendência "O Trabalho", Markus Sokol, diz que tem dúvidas sobre a "amplitude" da composição entre as tendências de centro. Segundo ele, esse centro pode não conseguir ser hegemônico dentro do partido.
Existe a possibilidade da formação de novas alianças entre "O Trabalho", "Força Socialista", a "Democracia Socialista" e os remanescentes da "Hora da Verdade".
As discordâncias ideológicas que estão na origem da criação dessas tendências devem dificultar essa aproximação. É possível que aconteçam acordos pontuais.
Sokol afirma que a criação do "centrão" vai ter mais impacto na mídia do que dentro do partido. Segundo ele, a militância petista não vai acompanhar essa recomposição das tendências.
Para Valter Pomar, da ala mais à esquerda da "Hora da Verdade", o ideal é que haja um processo de "aproximação" entre os blocos esquerdistas. No entanto, em sua avaliação, é muito cedo para que isso se defina, já que a recomposição da direção só vai acontecer a partir dos encontros do PT, que acontecem em junho.
Segundo ele, os fatores externos podem influir de forma decisiva na disputa entre as tendências. Pomar acredita em um desgaste do governo, o que poderá reforçar as posições da esquerda petista.
A esquerda rejeita a versão de que sua presença na direção do partido afasta o PT da sociedade. "Isso não tem cabimento", diz o líder da corrente "Democracia Socialista", João Machado. "Se o PT fosse menos radical, ficaria parecido com o governo e perderia a sua razão de ser", afirma.
(Américo Martins e Emanuel Neri)

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