São Paulo, domingo, 5 de fevereiro de 1995 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
A EVOLUÇÃO DO PARTIDO DOS TRABALHADORES 1978-1980 O PT é organizado por sindicalistas. Em julho de 1978, Lula manifesta a intenção de criar um partido de trabalhadores. No dia 1º de maio de 1979, líderes sindicais divulgam uma carta de princípios do PT. O registro provisório sai em 1980. O anteprojeto, de 29 janeiro de 1980, define o PT como um partido de classe: "Ao anunciar que seu objetivo é organizar politicamente os trabalhadores urbanos e rurais, o PT se declara aberto a participação de todas as camadas assalariadas do pais" O partido rejeita a participação dos empresários em seus quadros: "O PT recusa-se a aceitar em seu interior representantes das classes exploradoras. Vale dizer, o Partido dos Trabalhadores é um partido sem patrões!" 1981-1982 Durante o processo de organização, vários grupos marxistas-leninistas e trotskistas ingressam no PT. O programa do partido nas eleições de 1982 ("Terra, Trabalho e Liberdade") reflete essa aliança do grupo sindicalista com a extrema-esquerda O programa do PT propõe: reforma agrária radical; moratória da dívida externa; desconcentração da propriedade privada; estatização de setores essenciais; governo dos trabalhadores; novas formas de representação (conselhos populares) Os slogans eleitorais enfatizavam o elo com os trabalhadores: "Trabalhador vota em trabalhador", "Vote no 3. O resto é burguês". O partido elege oito deputados federais, nenhum senador, nenhum governador. Lula fica em 4º lugar em São Paulo. 1983-1986 O PT começa a reavaliar sua estratégia. Em 1985, o discurso agressivo é abandonado na campanha de Eduardo Suplicy à Prefeitura de São Paulo. Os temas socialistas são deixados de lado. Exemplo de slogan: "Nem carranca, nem chapa-branca" A estratégia parece ter alargado o eleitorado do partido de 14,3% dos votos na capital paulista em 1982 para 19,7%. A única vitória eleitoral, porém, seria obtida em Fortaleza por Maria Luiza Fontenelle, militante da extrema-esquerda (PRC) Na campanha de 1986, pressionado pelo sucesso do Plano Cruzado, o partido hesita entre o tom soft da campanha de 1985 e a retomada dos slogans socialistas de 1982. O PT elege 16 deputados federais, nenhum senador, nenhum governador 1987-1989 No Congresso Constituinte, o PT defende a estatização dos bancos, a reforma agrária radical (inclusive em terras produtivas), a nacionalização da distribuição dos combustíveis e dos minérios, benefícios às empresas nacionais e formas de democracia direta Na campanha à Presidência em 1989, o PT procura ampliar sua base social. Ele já não se define como um "partido sem patrões". O PT considera como adversários apenas os banqueiros, os latifundiários, as multinacionais e os monopólios privados O programa é atenuado. A moratória da dívida externa é substituída pela suspensão do pagamento. A estatização dos bancos é trocada por maior controle sobre o sistema financeiro. O PT não ameaça estatizar nenhum setor. Lula perde a eleição. 1990-1994 O partido faz oposição a Collor. Em 1990, o partido amplia sua bancada na Câmara (para 35 deputados) e Senado (elege um senador). Começa também a expulsar os grupos de extrema-esquerda. O primeiro deles é a Causa Operária (trotskista), em 1990 No congresso de 91, a proposta de estatização da economia é substituída pela manutenção da economia de mercado com controle social. O partido agora quer o diálogo com todos os setores sociais. A Convergência Socialista é expulsa em 1992 O programa de 1994 substitui a reforma agrária radical pelo assentamento de 800 mil famílias. Propõe a redução da jornada de trabalho e o aumento dos salários. Não propõe estatizações e reduz as menções ao socialismo. Lula volta a perder a eleição. Texto Anterior: Lula quer fim das tendências no partido Próximo Texto: Defesa do socialismo divide correntes Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |