São Paulo, domingo, 5 de fevereiro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Sindicatos e empresas criam sistema de saúde

CRISTIANE PERINI LUCCHESI
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma experiência inédita no país começa a ser implementada a partir do dia 13 próximo: a Fundação Parceria para a Saúde.
Representantes de entidades empresariais e metalúrgicos da Força Sindical, insatisfeitos com a saúde pública e convênios médicos, resolveram se unir e criar uma alternativa que, segundo eles, será mais barata e abrangente.
A idéia é inaugurar um "sistema de atenção à saúde", nas palavras de Diógenes Sandin Martins, médico do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, coordenador do Programa de Saúde do Trabalhador do município e um dos idealizadores do projeto.
Ou seja, a fundação não objetiva apenas dar assistência médica, ambulatorial e hospitalar a metalúrgicos já doentes.
"Queremos dar atenção integral à saúde do trabalhador e sua família, o que inclui a promoção de uma vida mais saudável e prevenção de doenças", afirma ele.
"Como vamos atender a vários funcionários da mesma empresa e categoria, pretendemos montar um sistema de informações gerenciais e epidemiológicas", acrescenta David Braga Jr., médico e assessor do sindicato.
Cruzando-se essas informações, diz Braga Jr., será possível fornecer a empresas dados para combater doenças e até propor mudanças gerenciais para melhorar a produtividade em busca da qualidade total, acredita ele.
Uma das principais vantagens sobre os convênios médicos atuais será o atendimento total, sem exclusões ou carências, segundo Nildo Masini, presidente do Sicetel (representa a indústria de trefilação e laminação de metais ferrosos) e um dos membros do conselho curador da fundação.
As carências em planos de saúde privados chegam a 18 meses para cirurgias programadas, por exemplo. Além disso, há exclusões, como atendimento a aidéticos, alcoólatra e pessoas com problemas psicológicos.
"Nós, que temos condições para isso, vamos cuidar da saúde dos nossos trabalhadores. Se a idéia pegar, só vai ficar para o governo o atendimento aos desempregados e subempregados", disse Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e do conselho curador da fundação.
Paulinho quer construir parcerias com os empresários "onde houver objetivos comuns" e criar a marca do sindicalismo de compromisso.
"É preciso mostrar que é possível fazer uma sociedade com os trabalhadores", diz Sérgio Magalhães, presidente do Sindmaq/Abimaq (que representa a indústria de máquinas) e membro do conselho da fundação. "Como não visamos o lucro, vamos oferecer preços 50% menores do que dos convênios médicos", afirma ele.
Segundo Magalhães, a fundação vai beneficiar principalmente as micro e pequenas empresas.
"Os preços dos planos de saúde variam de acordo com o número de funcionários das empresas e vão de R$ 25 a R$ 80 por funcionário. Quanto menor a empresa, maior o custo", disse. Para Masini, também as grandes e médias vão se interessar.
Magalhães teme pressões contrárias e retaliações de empresas privadas de saúde contra a fundação. "Vamos fazer tudo para a idéia dar certo e se espalhar. Queria fazer algo semelhante com o sindicato da CUT no ABC", diz.

Texto Anterior: Sudeste ainda é a principal base do partido
Próximo Texto: Associação nega descontentamento com convênios
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.