São Paulo, domingo, 5 de fevereiro de 1995 |
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Homens criam 'clube da fofoca' em SP
HEIDY VARGAS
Os "esquineiros", nome dos frequentadores da sociedade, acreditam que é possível contar a verdade antes que ela aconteça. "Não há maldade nenhuma", define o presidente Alcides Gomes Beato, 58, há três décadas "elaborando verdades". Ao todo o "Esquina do Veneno" tem 120 sócios, que se reúnem de segunda-feira a sábado sempre a partir das 6h para tomar café-da-manhã no bar que leva o mesmo nome e está localizado na esquina da rua 5 com a avenida 1, no centro de Rio Claro. A sociedade promove eventos como a malhação do Judas, o desfile da "Banda do Veneno" no Carnaval e outras atividades culturais para camuflar seu objetivo "secreto": comentar o que aconteceu na noite passada ou na própria manhã na cidade. A idade dos integrantes de carteirinha varia de 40 a 80 anos. São pré-requisitos para integrar o grupo ser nascido e criado em Rio Claro e comparecer ao bar pelo menos uma vez por semana. Eles são advogados, professores, funcionários públicos, dentistas, jornalistas, comerciantes e empresários. Ao contrário da fama, há apenas duas mulheres no grupo. Segundo Beato, a idéia da sociedade nasceu baseada na "Boca Maldita", em Curitiba. "Lá existem cerca de mil sócios que se reúnem para comentar os fatos do dia anterior e discutir os problemas da cidade, além de outras novidades", afirma Beato. A primeira regra que deve ser cumprida é a de ter nascido na cidade. "O sujeito tem que conhecer as pessoas e os problemas locais." A sociedade é representada por um presidente, dois vices, um orador, três secretários, três membros do departamento cultural e três tesoureiros. A chapa muda de quatro em quatro anos e as contribuições são livres —não há mensalidade. Um dos mais notórios "esquineiros" é o próprio secretário da Educação, Helmut Troppnair (PPR). Ele conta que o lugar é atração da cidade e que lá pessoas como Ulysses Guimarães e até o presidente Fernando Henrique Cardoso tomaram o famoso café. No mesmo lugar onde hoje fica o bar existia na década de 30 uma farmárcia na qual todas as manhãs cerca de três amigos se reuniam depois de comprar o pão e o leite. Eram eles Francisco Cartolano, Rafael Raia, Nicolino Maziotti, idolatrados entre os "esquineiros" como fundadores da sociedade. Carnaval A banda do Veneno, composta por quatro membros da sociedade, é uma das atrações há dez anos toda a sexta-feira de Carnaval. Para comemorar 10 anos de vida está sendo lançado um CD com as dez marchas de Carnaval. Texto Anterior: FHC e Collor são lembrados Próximo Texto: Secretário acusa antecessor de desvio de verba Índice |
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