São Paulo, domingo, 5 de fevereiro de 1995
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Refém de US$ 48 bilhões

DEMIAN FIOCCA

O empenho dos EUA em socorrer o México é similar ao de qualquer governo para evitar que um banco gigante quebre. Quando a dimensão de um negócio torna-o muito relevante para a estabilidade do sistema, os governos ficam reféns dos gestores privados.
A desregulamentação dos fluxos de capital permitiu que a América Latina atraísse volumosos recursos, ampliando rapidamente suas importações. Mas a agilidade desses fluxos e a permanente ameaça de que podem sair deixou os países em situação financeira frágil.
É por isso que o governo do Brasil —com 32 milhões de miseráveis—, pretende destinar recursos ao pagamento de grandes investidores do mercado financeiro internacional. As consequências de sua quebra atingiriam o Brasil.
Enquanto as autoridades econômicas forem confrontadas apenas com os fatos consumados, não há maneira de impedir situações similares. Os atuais instrumentos de regulação mostram-se inócuos.
O valor excepcional do socorro total ao México mostra o quão expostos estão hoje os governos —e os recursos públicos— aos erros especulativos do setor privado. O imenso custo de controlar o incêndio decorre da falta de segurança com que se fez a construção.

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