São Paulo, domingo, 5 de fevereiro de 1995 |
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Sutilezas da língua e tecnologia precária dificultaram a pesquisa
JAIME SPITZCOVSKY
Os quatro pesquisadores chegaram a um consenso com "hua nian", dois caracteres chineses que, juntos, carregam o significado de nostalgia, de recordar. "Para mim, também foi muito difícil trabalhar com a palavra 'identidade' e seus derivados quando ela é usada em expressões como 'identidade cultural"', relata Zhao. Segundo ela, os termos mais consultados pelos chineses são os verbos dar, fazer, estar, ser, tomar, tirar, deixar. "Eles são usados em diferentes expressões, o que dificulta muito sua compreensão", raciocina Zhao. "Como explicar a um de nossos estudantes que uma pessoa pode tomar um ônibus e também tomar um café?" Mas não são apenas as sutilezas do português que dificultaram o trabalho dos pesquisadores chineses, que chegavam a perder quatro ou cinco horas discutindo a melhor forma de se traduzir um termo. Enfrentaram também escassez de tempo e a precariedade das condições de trabalho numa sociedade que ainda engatinha na hora de assimilar as inovações da atual revolução tecnológica. "Não tínhamos computador", afirma Zhao. Cada palavra virou uma ficha, inscrições feitas à mão num lento processo que exigia uma paciência chinesa. O trabalho também empacava na dificuldade que os pesquisadores tinham para abandonar seus afazeres habituais, só podendo se dedicar quase que somente à noite. Mas as dificuldades não levam a professora Zhao a desistir de novas empreitadas ainda sem datas definidas. "Planejo fazer uma gramática e um manual para autodidadatas que queiram aprender português", conta ela. Seria o primeiro do gênero num mercado inundado por manuais de inglês, francês, japonês e alemão. Texto Anterior: O Oriente fala português Próximo Texto: CONTRA O PENSAMENTO SISTEMÁTICO Índice |
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