São Paulo, domingo, 5 de fevereiro de 1995
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Homem se adaptou

RICARDO BONALUME NETO
ESPECIAL PARA A FOLHA

A sífilis não chegou a ser uma ameaça à população européia como foram as doenças introduzidas pelos europeus na América.
Sem prévio contato com os micróbios mais variados da Eurásia, os nativos americanos morreram aos milhões, vítimas de uma guerra biológica não declarada.
Já o impacto demográfico da sífilis na Europa não chegou a ser grande, segundo o historiador William McNeill. "A população européia continuou a crescer através do século 16, quando a doença estava no auge", afirmou.
Aparentemente aconteceu uma adaptação entre as duas espécies, o ser humano e a bactéria, que foi favorecendo as linhagens menos virulentas dela.
É a forma mais tradicional de "coevolução", com os dois organismos tendendo a criarem uma coexistência não tão conflitiva. Há quem diga que se toda a humanidade fizesse "sexo seguro" sempre, sem descuidar de usar preservativos, o próprio vírus da Aids tenderia a ser menos virulento, levando mais tempo para matar.
Assim como aconteceu com a Aids, a sífilis tornou-se notória ao matar pessoas famosas. Foi o caso dos franceses Paul Gauguin, pintor, e Guy de Maupassant, escritor.
A bactéria foi particularmente letal entre aristocratas, que tendiam a fazer sexo em "grupos de risco" relativamente restritos. Uma vítima célebre foi o rei inglês Henrique 8º, que também contou a cirrose como fígado como causa da morte.
(RBN)

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